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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Saudação a Palmares...


Nos altos cerros erguido

Ninho d'águias atrevido,

Salve - País do bandido!

Salve - Pátria do jaguar!

Verde serra onde os palmares

- Como indianos cocares -

No azul dos colúmbios ares

Desfraldam-se em mole arfar!...


Salve! Região dos valentes

Onde os ecos estridentes

Mandam aos plainos trementes

Os gritos do caçador!

E ao longe os latidos soam...

E as trompas de caça atroam...

E os corvos negros revoam

Sobre o campo abrasador!...


Palmares! a ti meu grito!

A ti, barca de granito,

Que no soçobro infinito

Abriste a vela ao trovão.

E provocaste a rajada,

Solta a flâmula agitada

Aos uivos da marujada

Nas ondas da escravidão!


De bravos soberbo estádio,

Das liberdades paládio,

Pegaste o punho do gládio,

E olhaste rindo p'ra o val:

"Descei de cada horizonte...

Senhores! Eis-me de fronte!"

E riste... O riso de um monte!

E a ironia... de um chacal!...


Cantem Eunucos devassos

Dos reis os marmóreos paços;

E beijem os férreos laços,

Que não ousam sacudir...

Eu canto a beleza tua,

Caçadora seminua!...

Em cuja perna flutua

Ruiva a pele de um tapir.


Crioula! o teu seio escuro

Nunca deste ao beijo impuro!

Luzídio, firme, duro,

Guardaste p'ra um nobre amor.

Negra Diana selvagem,

Que escutas sob a ramagem

As vozes - que traz a aragem

Do teu rijo caçador!...


Salve Amazona guerreira!

Que nas rosas da clareira,

- Aos urros da cachoeira -

Sabes bater e lutar...

Salve! - nos cerros erguido -

Ninho, onde em sono atrevido,

Dorme o condor... e o bandido!...

A liberdade... e o jaguar!...
.
.
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Castro Alves...

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