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domingo, 18 de novembro de 2012

Poema patético...


Como a voz de um pequeno braço de mar perdido dentro de uma caverna,

Como um abafado soluço que irrompesse de súbito de um quarto

fechado,

Ouço-te, agora, a voz, ó meu desejo, e instintivamente recuo até as

origens de minha angústia,

Policiada e vencida, oh! afinal vencida por tantos e tantos séculos

de resignação e humildade.

Em que hora remota, em que época já tão distanciada, foi que os ares

vibraram pela última vez, diante de teu último grito de rebeldia?

Quantas vezes, ó meu desejo, tu me obrigaste a acender grandes fogueiras

dentro da noite.

E esperar, cantando, pela madrugada?

Mas, e hoje? Hoje a tua voz ressoa dentro de mim, como um cântico de

órgão.

Como a voz de um pequeno braço de mar perdido dentro de uma

caverna,

Como um abafado soluço que irrompesse, de súbito, de um quarto

fechado...
.
.
.
Emílio Moura...

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