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quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Ajuda entre Sábios...
Estás interessado em saber se um sábio pode ser útil a outro sábio.
Nós definimos o sábio como um homem dotado de todos os bens
no mais alto grau possível.
A questão está pois em saber como é possível alguém ser útil a
quem já atingiu o supremo bem.
Ora, os homens de bem são úteis uns aos outros.
A sua função é praticar a virtude e manter a sabedoria num
estado de perfeito equilíbrio.
Mas cada um necessita de outro homem de bem com quem
troque impressões e discuta os problemas.
A perícia na luta só se adquire com a prática; dois músicos
aproveitam melhor se estudarem em conjunto.
O sábio necessita igualmente de manter as suas virtudes
em actividade e, por isso mesmo, não só se estimula a si
próprio como se sente estimulado por outro sábio.
Em que pode um sábio ser útil a outro sábio?
Pode servir-lhe de incitamento, pode sugerir-lhe
oportunidades para a prática de acções virtuosas.
Além disso, pode comunicar-lhe as suas meditações
e dar-lhe conta das suas descobertas.
Nunca faltará mesmo ao sábio algo de novo a descobrir,
algo que dê ao seu espírito novos campos a explorar.
Os indivíduos perversos fazem mal uns aos outros,
tornam-se mutuamente piores, na medida em que
despertam a ira, favorecem o mau carácter, enaltecem
os prazeres; tais indivíduos são mesmo tanto mais nocivos
quanto mais partilham os seus vícios e juntam as suas forças
maléficas com um objectivo comum.
O contrário é igualmente válido: um homem de bem só pode
ser útil a outro homem de bem. "De que modo?", perguntarás tu.
Transmitir-lhe-á o seu contentamento, reforçará a sua autoconfiança;
a contemplação mútua da respectiva tranquilidade fará aumentar em
ambos a alegria.
Além disso pode ainda proporcionar-lhe o conhecimento de certas
matérias, já que mesmo um sábio não pode saber tudo.
E mesmo que soubesse tudo, outro sábio pode muito bem
descobrir um método mais rápido para atingir o conhecimento
da natureza e facilitar-lhe o acesso a um meio de melhor formular
uma visão global das coisas. Um sábio pode ser útil a outro sábio,
e não somente graças às suas próprias forças, mas graças também
às daquele a quem está auxiliando.
Claro que o primeiro, mesmo entregue apenas a si próprio, é capaz
de desempenhar perfeitamente o seu papel.
Todavia, embora corra com a velocidade que lhe é própria, nem
por isso deixará de lhe aproveitar uma voz de incitamento...
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.
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Séneca...
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