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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Amor Nunca Salva, mas alguém Tem uma Idéia Melhor?...


Descobri, um pouco tarde, que afinal todos os

meus livros são histórias de amor.

Só que as daninhas estavam tão bem disfarçadas

que eu próprio não tinha reparado.

Às vezes, amo entre duas pessoas, outras de amor

entre uma pessoa e uma ideia.

Idalina enamora-se por «uma dança sem música».

Sam Espinosa apaixona-se por uma mulher uns anitos

mais velha (duzentos, coisa pouca), Greg quase é salvo

da perdição por uma sósia de Angelina Jolie.

O amor está no ar e também, como diria um poeta, o amor está no mar.

O amor não salva, nunca salva, mas alguém tem uma ideia melhor?


Tão sensacional descoberta levou-me a cogitar no seguinte:

e qual será a melhor forma de amar?

Carente de modelos reais na vida humana, decidi procurá-los na natureza.

Com a ajuda da televisão, claro, Canal Odisseia, National Geographic,

Canal Panda, essas coisas. Pode-se lá chegar à natureza, nos dias que

correm, senão pela televisão! Três rolos modelos logo me saltaram à vista:

o Amor do Louva-a-deus; o Amor do Cisne; o Amor do Urso Polar.

Após alguma esmiuçação, concluí que qualquer um me parece bem,

e tem as suas vantagens e desvantagens.

No romance do louva-a-deus, a fêmea devora o macho depois da cópula.

É natural, toda a gente sabe que a gravidez estimula o apetite.

E seria bem pior se ela o devorasse antes da consumação.

O cisne acasala para a vida.

É bonito.

Lembra certos parzinhos que encontramos sobretudo na noite boémia,

muito perfeitos, muito encapsulados, o mundo é deles, o mundo são eles.

Gosto, mas como nunca experimentei sinto-me sempre um bocadinho

do outro lado da vitrina, a definhar de inveja.

Pronto, confesso.

O que, esse sim, me toca profundamente é o amor do urso polar.

É esquivo, dura pouco – pelo menos a parte do encontro.

Urso polar e ursa polar namoram e acasalam brevemente, e logo

se apartam, cada um para seu lado, para todo o sempre, a fêmea

talvez com uma cria, o macho continuando a sua caminhada, glaciares

fora, de nenhures em direcção a nenhures.

Vai solitário e triste, o nosso urso?

Talvez.

Eu gosto de pensar que vai de coração cheio, e que a

brevidade do encontro é compensada pela intensidade da memória.

Tanto quanto sei, não há ursos com Alzheimer...
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Rui Zink, in "O Amante é Sempre o Último a Saber"...

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