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terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Interior da Alma...


O olho do espírito em parte nenhuma pode encontrar

mais deslumbramentos, nem mais trevas, do que no homem,

nem fixar-se em coisa nenhuma, que seja mais temível, complicada,

misteriosa e infinita.


Há um espectáculo mais solene do que o mar, é o céu;

e há outro mais solene do que o céu, é o interior da alma.



Fazer o poema da consciência humana, mas que não fosse

senão a respeito de um só homem, e ainda nos homens o mais

ínfimo, seria fundir todas as epopeias numa epopeia superior e definitiva.

A consciência é o caos das quimeras, das ambições e das

tentativas, o cadinho dos sonhos, o antro das ideias vergonhosas:

é o pandemónio dos sofismas, é o campo de batalha das paixões.


Penetrai, a certas horas, através da face lívida de um ser humano,

e olhai por trás dela, olhai nessa alma, olhai nessa obscuridade.

Há ali, sob a superfície límpida do silêncio exterior, combates de

gigante como em Homero, brigas de dragões e hidras, e nuvens

de fantasmas, como em Milton, espirais visionárias como em Dante.

Sombria coisa esse infinito que todo o homem em si abarca, e pelo

qual ele regula desesperado as vontades do seu cérebro e as acções

da sua vida!...
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Victor Hugo...

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