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sábado, 30 de junho de 2012

P.M.S.L....



Impossivel é não odiar

estas manhãs sem teto

e as valsas

que banalizam a morte

Tudo que fácil se

dá quer negar-nos. Teme

o lúdibrio dos corolas.

Na orquídea busca a orquídea

que não é apenas o fátuo

cintilar das pétalas: busca a móvel

orquídea: ela caminha em si, é

contínuo negar-se no seu fogo, seu

arder é deslizar.

Vê o céu. Mais

que azul, ele é o nosso

sucessivo morrer. Ácido

céu.

Tudo se retrai, e a teu amor

oferta um disfarce de si. Tudo

odeia se dar. Conheces a água?

ou apenas o som do que ela

finge?

Não te aconselho o amor. O amor

é fácil e triste. Não se ama

no amor, senão

o seu próprio findar.

Eis o que somos: o nosso

tédio de ser.

despreza o mar acessível

que nas praias se entrega, e

o das galeras de susto; despreza o mar

que amas, e só assim terás

o exato inviolável

mar autêntico!

O girassol

vê com assombro

que só a sua precariedade

floresce. Mas esse

assombro é que é ele, em verdade.

Saber-se

fonte única de si

alucina.

Sublime, pois, seria

suicidar-nos:

trairmos a nossa morte

para num sol que jamais somos

nos consumirmos...
.
.
.
Ferreira Gullar...

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