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sábado, 30 de junho de 2012

A Água do Mundo...



Vou correndo, como se isso me fizesse escapar

dos pingos da chuva que se inicia.

Menos tempo na chuva, pode ser ilusório, mas

tenho a impressão de que ficarei menos molhado,

de que chegarei menos ensopado.

Com o canto do olho observo o senhor que com a

mangueira termina de limpar a calçada, mesmo sabendo

que a chuva há de modificar todo o cenário nos próximos instantes.

Ou vai trazer de volta toda a sujeira que ele está tirando

ou vai lavar outra vez o que ele acabou de lavar.


A água que cai do céu cai purinha, purinha, é o

que penso enquanto corro dela.

A água que cai do céu.

Lembro-me do livro da Camille Paglia em que ela

afirmava, ou pelo menos foi o que me recordo de

ter dali subtraído, que o homem havia optado por

viver em grupo por temor aos fenômenos naturais:

chuvas, clima, terremotos etc.

Foi preciso se unir contra as forças da natureza.

As forças amorais na natureza.

Quando passa um furacão levando tudo, bons

ou os maus, estão todos ameaçados.

Quando chove muito e tudo começa a inundar, anjos

e demônios poderão estar, em breve, igualmente submersos.

Quando a água falta, senhores e escravos morrem da mesma sede.

Há forças mais poderosas que a maldade humana.


Os destinos turísticos são, em sua maioria,

lugares interessantes por causa da água.

Praias, lagos, rios, cachoeiras: somos naturalmente atraídos pela água.

A simples vista para o mar ou rio já torna um ambiente mais interessante.

Parece óbvio o que digo mas se levarmos em conta que grande parte do

planeta é tomado por água isso passa a ser, sim, digno de nota: vivemos

em meio a tanta água e ainda somos tão fascinados por ela!

Nosso organismo é também, em sua maior porção, água. Somos água,

viemos da água, para a água voltaremos e, enquanto tivermos como

aproveitar a vida, queremos fazê-lo perto de alguma fonte de água límpida,

na beira de um rio ou mar.

Navegando, que seja.

Queremos água.


Vivemos, porém, sob o alerta de que a água pode acabar.

É preciso economizar.

Parece absurdo pois a água é absolutamente indestrutível!

Se você toca fogo ela vira fumaça e depois volta a ser água,

se congela ela derrete e volta a ser água, seja lá o que se faça

com ela, a água volta a ser água depois de um tempo, pura e cristalina.

E na mesma quantidade!

Pois é.

Mas pode voltar salgada.

Sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar?

O prejuízo maior que a água pode sofrer é a poluição.

Uma vez poluída a água pode demorar muitos anos para voltar

ao seu estado natural, potável, como os pingos da chuva lá do início.


Volto ao início e ao senhor que tentava varrer uma folha

de árvore, pequenina, da porta de seu prédio, segundos

antes da chuva começar.

Quantos litros de água pura ele desperdiçava naquela tarefa imbecil?

Não seria mais fácil varrer a folhinha ou pegá-la com a mão?

Aquela água correria para o bueiro e se juntaria ao esgoto cheio

de substâncias químicas e de lá iria parar sabe-se lá onde, mas,

poluída, demoraria um tempo enorme para voltar para o reservatório

d'água da cidade.

Este tempo é que pode ser o suficiente para uma cidade

entrar em caos por não ter o que beber.

A água não vai "acabar" nunca, mas talvez, um dia, não

possamos usufruir dela onde e como gostaríamos.

Talvez as grandes desgraças naturais não nos metam tanto

 medo porque o que nos vai derrotar mesmo sejam as folhinhas nas calçadas.

Aguadas de estupidez...
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Leo Jaime...

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