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sábado, 3 de novembro de 2012
As cantadas...
Terras bruscas, céus maduros,
Apalpam curvas os autos,
Ai, Guanabara,
Serão desejos incautos,
Ancas pandas, seios duros...
Senti as curvas dos autos
Nas praias de Guanabara.
Penetro as fendas dos morros,
Desafogos de amor, jorros
De sensualidades quentes,
Ai, ares da Guanabara,
Sou jogado em praias largas,
Coxas satisfeitas feitas
De ondas amargas.
Não posso mais...Nunca ousara
Pensar cajás, explosões
De melões,
Mulatas, uvas pisadas,
Ai, Guanabara,
Tuas noites fatigadas...
Me derramo todo em sucos
Malucos de ilhas Molucas.
Manhã. Brisas intranquilas
De volúpias mal ousadas
Passam por ti.
Nun gosto naval de adeuses...
Há deusas...
Há Vênus, há Domitilas
Fazendo guanabaradas
Por aí...
Mas as palmeiras resistem.
Na deformação dos raios,
Templos, gente, esperanças
Em desmaios
E transposições de níveis...
Só as palmeiras resistem
Como consciências incríveis!
As noites não são bem noites,
As músicas são cansaços,
Açoites
De convites, bocas, mar,
Ai, ares da Guanabara,
Vou suspirar...
Meus olhos, minhas sevícias,
Minha alma sem resistências.
A Guanabara te entregas
Sem Deus, sem teorias poéticas...
Os aviões saltam dos trilhos,
Perfuram morros, ardências,
Delícias, vícios, notícias...
Aiai, Guanabara!
Que todo me desfaleço
Por cento e dez avenidas,
Pela mulher de em seguida,
Por teus cheiros, por teus sais,
Pelos aquedutos, pelos
Morros de crespos camelos
E elefantes triunfais!
Eu não sei si mais gozara,
Iáiá, Sereia do Mar,
Si achara nalma outra clara
Glória rara sol luar
Aurora uiara
Niagara realeza
Suprema, eterna surpresa,
Guanabara!...
.
.
.
Mário de Andrade...
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