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domingo, 7 de outubro de 2012

Sobre certas dificuldades atuais...


Não está nada fácil ser poeta nestes dias.

Não falo das vendas de livros de poesia
- que se poesia é isso que aí está,

o público tem razão

- nem eu mesmo compraria.


De um lado,

um bando de narcisos desunidos,

ressentidos,

com vocação noturna de suicidas,

de outro,

os generais com seus suplícios

pensando que comandam os industriais,

que, comandados,

comandam os generais

de que precisam.


Não,

não está nada fácil ser poeta nestes dias.

Seja

palstino,

libanês,

argentino,

chileno,

sul-africano,

ou irlandês,

não está nada fácil ser poeta nestes dias.


Sem dúvidas, é mais fácil e inútil

ser poeta americano e francês,

com muito sanduíche e vinhos

e muito prazer burguês.


Não,

não é nada fácil ser poeta índio nestes dias.

Tão difícil quanto ser poeta polonês e afegão.

Não, não é nada fácil

ser um poeta, dividido, alemão.


Na Rússia, talvez haja poeta proletário

contente com o recalcado medo

e seu profissional salário.

De qualquer jeito

nunca foi fácil ser poeta

num regime autoritário.


Não está nada fácil ser poeta nestes dias.

Não está nada fácil ser poeta noite e dia.

Não está nada fácil ser poeta da alegria.

Não,

não está nada fácil ser poeta

e brasileiro

nestes dias...
.
.
.
Affonso Romano de Sant'Anna...

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