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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A partida...


Quero morrer de noite.

As janelas abertas

Os olhos a fitar a noite infinda


Quero morrer de noite.

Irei me separando aos poucos

Me desligando devagar.

A luz das velas envolverá meu rosto lívido.


Quero morrer de noite.

As janelas abertas.

Tuas mãos chegarão aos meus lábios

Um pouco de água

E os meus olhos beberão a luz triste dos teus olhos.

Os que virão, os que ainda não conheço.

Estarão em silêncio,

Os olhos postos em mim.


Quero morrer de noite.

As janelas abertas,

Os olhos a fitar a noite infinda.


Aos poucos me verei pequenino de novo, muito pequenino.

O berço se embalará na sombra de uma sala

E na noite, medrosa, uma velha coserá um enorme boneco.

Uma luz vermelha iluminará um grande dormitório

E passos ressoarão quebrando o silêncio.

Depois na tarde fria um chapéu rolará numa estrada...


Quero morrer de noite.

As janelas abertas

Minha alma sairá para longe de tudo, para bem longe de tudo.


E quando todos souberem que já não estou mais

E que nunca mais volverei

Haverá um segundo, nos que estão

E nos que virão, de compreensão absoluta...
.
.
.
Augusto Frederico Schmidt...

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