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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima...


Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima,

Começam chegando os primitivos da espera,

Já ao longe o paquete de África se avoluma e esclarece.


Vim aqui para não esperar ninguém,

Para ver os outros esperar,

Para ser os outros todos a esperar,

Para ser a esperança de todos os outros.


Trago um grande cansaço de ser tanta coisa.

Chegam os retardatários do princípio,

E de repente impaciento-me de esperar, de existir, de ser,

Vou-me embora brusco e notável ao porteiro que me fita muito

mais rapidamente.


Regresso à cidade como à liberdade.


Vale a pena sentir para ao menos deixar de sentir...
.
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Álvaro de Campos, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa...

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