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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Palavra perto do peito...


Ainda não consegui, eu que leio

poetas todos os dias,

encontrar a medida universal,

a fita métrica mágica

para aferir quem é grande, quem é maior ou menor.

Menor, por que? Por que maior?

Somos poetas, os que somos.


Cada leitor é quem sabe

os que lhe chegam mais perto

do peito, do ser, da fronte.

Não sei se os meus prediletos

("Eu plantei um pé de sono,

nasceram vinte roseiras").

- só gosto do que se move,

só me comove o que entendo -

são pequenos ou são grandes.

Sei só que são bem amados.


Quem me frequenta de livro

ou de vida, o que afinal

vem a dar no mesmo, sabe

que não padeço da feia

enfermidade da falsa

modéstia.


O arqueiro, até

pela sombra azul da flecha,

sabe que vai dar no alvo.

O coração do cientista

bate mais forte quando olha

a proveta florescendo.

Sabe o artista se a beleza

faz o milagre do poema.


Até hoje as palavras me amedrontam.

Certas delas, impenetráveis, áridas,

por mais que delas me afaste,

parece que mofam de mim.

Ainda bem que muitas gostam de minha boca,

amanhecem cantando

no meu peito...
.
.
.
Thiago de Mello...

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