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sábado, 20 de outubro de 2012

Maísa...


Um dia pensei um poema para Maísa

Maísa não é isso

Maísa não é aquilo

Como é então que Maísa me comove me

sacode me buleversa me hipnotiza?


Muito simplesmente

Maísa não é isso mas Maísa tem aquilo

Maísa não é aquilo mas Maísa tem isto

Os olhos de Maísa são dois não sei quê dois

não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos


A boca de Maísa é isso e aquilo

Quem fala mais em Maísa a boca ou os olhos?

Os olhos e a boca de Maísa se entendem os olhos dizem

uma coisa e a boca de Maísa se condói se contrai se

contorce como a ostra viva em que pingou uma gota de limão

A boca de Maísa escanteia e os olhos de Maísa ficam

sérios meu Deus como os olhos de Maísa podem ser

sérios e como a boca de Maísa pode ser amarga!

Boca da noite (mas de repente alvorece

num sorriso infantil inefável)


Cacei imagens delirantes

Maísa podia não gostar

Cassei o poema.


Maísa reapareceu depois de longa ausência

Maísa emagreceu

Está melhor assim?


Nem melhor nem pior

Maísa não é um corpo

Maísa são dois olhos e uma boca


Essa é a Maísa da televisão

A Maísa que canta

A outra não conheço não

Não conheço de todo

Mas mando um beijo para ela..
.
.
.
Manuel Bandeira...

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