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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Leitura...


Era um quintal ensombrado, murado alto de pedras,

As macieiras tinham maçãs temporãs, a casca vermelha

de escuríssimo vinho, o gosto caprichado das coisas

fora do seu tempo desejadas.

Ao longo do muro eram talhas de barro.

Eu comia maçãs, bebia a melhor água, sabendo

que lá fora o mundo havia parado de calor.

Depois encontrei meu pai, que me fez festa

e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria,

os lábios de novo e a cara circulados de sangue,

caçava o que fazer pra gastar sua alegria:

onde está meu formão, minha vara de pescar,

cadê minha binga, meu vidro de café?

Eu sempre sonho que uma coisa gera,

nunca nada está morto.

O que não parece vivo, aduba.

O que parece estático, espera...
.
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Adélia Prado...

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