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domingo, 2 de setembro de 2012
Errados rumos...
A caminhada...
Amassando a terra.
Carregando pedras.
Construindo com as mãos
sangrando
a minha vida.
Deserta a longa estrada.
Mortas as mãos viris
que se estendiam às minhas.
Dentro da mata bruta
leiteando imensos vegetais,
cavalgando o negro corcel da febre,
desmontado para sempre.
Passa a falange dos mortos...
Silêncio! Os namorados dormem.
Os poetas cobriram as liras.
Flutuam véus roxos
no espaço.
Na esquina do tempo morto,
a sombra dos velhos seresteiros.
A flauta. O violão. O bandolim.
Alertas as vigilantes
barroando portas e janelas
cerradas.
Cantava de amor a mocidade.
A estrada está deserta.
Alguma sombra escassa.
Buscando o pássaro perdido
morro acima, serra abaixo.
Ninho vazio de pedras.
Eu avante na busca fatigante
de um mundo impreciso,
todo meu,
feito de sonho incorpóreo
e terra crua.
Bandeiras rotas.
Desfraldadas.
Despedaçadas.
Quebrado o mastro
na luta desigual.
Sozinha...
Nua. Espoliada. Assexuada.
Sempre caminheira.
Morro acima. Serra abaixo.
Carreando pedras.
Longa procura
de uma furna escura
fugitiva me esconder,
estendida no meu mundo.
Longe...longe...
Indefinido longe.
Nem sei onde.
O tardio encontro...
Passado o tempo
de semear o vale
de colher o fruto.
O desencontro.
Da que veio cedo e do que veio tarde.
A candeia está apagada.
E na noite gélida
eu me vesti de cinzas.
Restos. Restolhos.
Renegados os mitos.
Quebrados os ícones.
Desfeitos os altares.
Meus olhos estão cansados.
Meus olhos estão cegos.
Os caminhos estão fechados.
Perdida e só...
No clamor da noite
escuto a maldição das pedras.
Meus errados rumos.
Apagada a lâmpada votiva,
tão inútil...
.
.
.
Cora Coralina...
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