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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ite missa est...


Fecha o missal do amor e a bênção lança

À pia multidão

Dos teus sonhos de moço e de criança;

A bênção do perdão.

Soa a hora fatal, -- reza contrito

As palavras do rito:

Ite missa est.


Foi longo o sacrifício; o teu joelho

De curvar-se cansou;

E acaso sobre as folhas do Evangelho

A tua alma chorou.

Ninguém viu essas lágrimas (ai tantas!)

Cair nas folhas santas.

Ite missa est


De olhos fitos no céu rezaste o credo,

O credo do teu deus;

Oração que devia, ou tarde ou cedo,

Travar nos lábios teus.

Palavra que se esvai qual fumo escasso

E some-se no espaço.

Ite missa est.


Votaste ao céu, nas tuas mãos alçada,

A hóstia do perdão,

A vítima divina... e profanada

Que chamas coração.

Quase inteiras perdeste a alma e a vida

Na hóstia consumida.

Ite missa est.


Pobre servo do altar de um deus esquivo

É tarde; beija a cruz;

Na lâmpada em que ardia o fogo ativo,

Vê, já se extingue a luz.

Cubra-te agora o rosto macilento

O véu do esquecimento.

Ite missa est...
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Machado de Assi...

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