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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Adeus...


Vai-te, que os meus abraços te magoaram,

E o meu amor não beija!, arde e devora.

Foram-se as flores do meu jardim. Ficaram

Raízes enterradas, braços fora...


Vai-te! O luar é para os outros; e os afagos

São para os outros..., os que ensaiam serenatas.

Já a lua que nos lagos boia pérolas e pratas

Não nasce para mim, que estou sem lagos.


Quando me nasce, é como um reluzir da treva,

Um riso da escuridão,

Que na minh'alma ecoa, e que ma leva

Por lonjuras de frio e solidão...


Vai-te, como vão todos; e contentes, de libertos

Do peso de eu lhes não querer trautear mentiras.

Como serias tu, flébil flor de olhos de safiras,

Que me acompanharias nos desertos?


Vai-te! não me supliques que te minta!

Beijo-te os pés pelo que me oferecias.

Mas teu amor, e tu, e eu, e quanto eu sinta,

Que somos nós mais do que fantasias?


Sim, amor meu: em mim, teu amor era doce.

Premir na minha mão a concha nácar do teu seio

Era-me um bem suave enleio...

Era... — se o fosse.


Vai-te!, que eu fui chamado a conquistar

Os mundos que há nos fundos do meu nada.

Talvez depois reaprenda a inocência de amar...

Talvez... mas ai!, depois de que alvorada?


Porque até Lá, é longe; e é tão incerto,

Tão frio, tão sublime, tão abstracto, tão medonho...

Como dar-te a sonhar este sonho dum sonho?


— Vai-te! a tua casa é perto...
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José Régio...

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