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domingo, 14 de outubro de 2012

Sacrifício...


Num instante foi o sangue, o horror, a morte na lama do chão.

– Segue, disse a voz. E o homem seguiu, impávido

Pisando o sangue do chão, vibrando, na luta.

No ódio do monstro que vinha

Abatendo com o peito a miséria que vivia na terra

O homem sentiu a própria grandeza

E gritou que o heroísmo é das almas incompreendidas.


Ele avançou.

Com o fogo da luta no olhar ele avançou sozinho.

As únicas estrelas que restavam no céu

Desapareceram ofuscadas ao brilho fictício da lua.

O homem sozinho, abandonado na treva

Gritou que a treva é das almas traídas

E que o sacrifício é a luz que redime.


Ele avançou.

Sem temer ele olhou a morte que vinha

E viu na morte o sentido da vitória do Espírito.

No horror do choque tremendo

Aberto em feridas o peito

O homem gritou que a traição é da alma covarde

E que o forte que luta é como o raio que fere

E que deixa no espaço o estrondo da sua vinda.


No sangue e na lama

O corpo sem vida tombou.

Mas nos olhos do homem caído

Havia ainda a luz do sacrifício que redime

E no grande Espírito que adejava o mar e o monte

Mil vozes clamavam que a vitória do homem forte tombado na luta

Era o novo Evangelho para o homem da paz que lavra no campo...
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Vinicius de Moraes...

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