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domingo, 14 de outubro de 2012

O tocador de clarineta...


Quando ouvires o pássaro

Cantar em frente do teu quarto,

Naturalmente em vão,

não penses

que sou eu que aí vim tocar,

não.


Quando o vento disser,

ao teu ouvido de mulher

uma palavra

branca e fria como a cerração,

não penses que o vento fui eu,

não.


Quando receberes

uma carta anônima, trazida

por secreta mão

- quem será que assim me acusa? -

eu é que não serei,

não.


Quando ouvires, porém, no escuro,

a goteira caindo

sobre o triste chão, aí, então,

serei eu que estou batendo

na pedra

do teu coração...
.
.
.
Cassiano Ricardo...

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