Quando ouvires o pássaro
Cantar em frente do teu quarto,
Naturalmente em vão,
não penses
que sou eu que aí vim tocar,
não.
Quando o vento disser,
ao teu ouvido de mulher
uma palavra
branca e fria como a cerração,
não penses que o vento fui eu,
não.
Quando receberes
uma carta anônima, trazida
por secreta mão
- quem será que assim me acusa? -
eu é que não serei,
não.
Quando ouvires, porém, no escuro,
a goteira caindo
sobre o triste chão, aí, então,
serei eu que estou batendo
na pedra
do teu coração...
.
.
.
Cassiano Ricardo...
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