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domingo, 30 de setembro de 2012
O Bilhete...
Naquela tarde fria, recostei-me no parapeito da varanda.
Ao fundo, uma paisagem cinza de um dia chuvoso.
Havia em meu íntimo um sentimento bom.
Estar ali, na antiga casa da fazenda, trazia-me velhas lembranças.
E uma grande nostalgia tomou conta de mim.
O velho livro que achara na estante.
Não sei por que, chamou minha atenção e curiosa, comecei a folheá-lo.
Havia nele, belas poesias e em algumas delas havia
anotações escritas com uma bela letra miúda, para
que coubessem todos os sentimentos que estavam sendo vividos.
Foi então que encontrei um bilhete no meio do livro que dizia...
“Já se fora o meu amor e junto levou-me o coração.
Deixou aqui para atormentar-me a dor e a solidão.
O amor e a saudade que sinto, corre em minhas
veias e dói-me tanto que tenho vontade de cortar
os pulsos e vê-los jorrar como se isso pudesse
aliviar o meu peito.
Você, meu amor, está impregnado em mim e
nada pode tirá-lo...
Poderei sangrar até a morte, e mesmo assim
você estará aqui dentro do meu coração,
fazendo parte da minha alma.”
Aquelas palavras me emocionaram...
Tão profundas... Tão tristes.
Era um grito silencioso.
Notei que na página onde estava o bilhete,
havia pequenas manchas desbotadas pelo tempo,
que pareciam ser sangue.
E ainda havia escrito no bilhete...
“A dor que sinto dói-me o peito, como quando se crava um punhal.”
E pude então perceber que aquelas teriam sido as
últimas palavras de quem preferiu a morte a viver sem o seu amor.
Fiquei imaginando quem poderia ter sido aquela
pessoa, e percebi que a biblioteca da fazenda guardava um grande segredo...
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Nina Linhares...
Fotografia...
Borboleta agita as asas
Por entre flores, a bailar.
Uma flor aqui, outra acolá.
Não sabe onde pousar.
Sentada num banco,
Fico em silêncio a observar,
Borboleta rodopiando
E suas asas mostrar.
Numa árvore, bem ali.
Desprevenida me pegou
Um pássaro, que me disse cantando.
Bem - te - vi... Bem - te - vi.
O pássaro encantado,
um susto me pregou.
E a Borboleta cadê?
Ah, que pena... Ela Voou.
E o Pássaro, ali me espiando.
Mais uma vez cantarolou.
Bem - te - vi... Bem - te - vi.
Foi então que percebi.
Que o quê ele queria...
Era sair na fotografia...
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Nina Linhares...
30/09 - Perfeição...
Aniversário de nascimento de Lahiri Mahasaya
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Eu sempre estarei com aqueles que praticam Kriya*.
Eu os guiarei ao Lar Cósmico através de
suas percepções espirituais sempre crescentes...
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Lahiri Mahasaya, citado na "Autobiografia de um Iogue"...
Amor não correspondido...
Eu amo muito essa mulher,
E o meu amor não é correspondido.
Eu quero muito ela, e ela não me quer,
E o meu amor a cada dia fica mais sofrido.
Doi muito, amar sem ser amado,
Amar sem ser correspondido.
Mesmo sendo magoado,
Mais eu amo esse amor bandido.
O destino quis assim,
Que eu amasse esse amor.
Mesmo não sendo bom pra mim,
Já me conformei com essa dor.
Tenho fé que algum dia,
Esse amor me compreenda.
E me de muita alegria,
E o meu amor, ela ame e entenda,
Quem espera sempre alcança,
E esse amor quero alcançar.
Tenho fé e esperança,
Que algum dia,esse amor sem dor eu possa amar...
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São José dos Campos SP
Autor: Odias Pereira
05/09/2011...
Só em sonhos, eu consigo te ver...
Não adianta ter tudo,
Se eu não tenho você.
Não sou cego, e nem surdo,
Mais não consigo te ver.
Talvez você não exista,
Pois só nos meus sonhos te vejo.
Seria a minha conquista,
Se eu realizasse, esse desejo.
Já revirei todo espaço,
Tentando te encontrar.
Já não sei mais o que faço,
Só em sonhos, eu consigo te achar.
Pesquizei nas redes sociais,
Apelei nas rádios e tv .
Publiquei sua imagem nos jornais,
Mais ainda nada de você.
Eu não sei se sua imagem,
É uma mera ilusão.
Minha mente se perde, nessa tua miragem,
E sem te encontrar, sofre o meu coração...
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São José dos Campos SP
Autor: Odias Pereira
29/09/2012...
sábado, 29 de setembro de 2012
Os Lábios...
Na música que é tua,
meus lábios torrenciais
caem pesados, duros.
E nunca mais.
Despenham-se a prumo:
vidros ou punhais.
Arrastam-te ao fundo
E nunca mais...
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Eugénio de Andrade...
Canção X...
Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, Dionísio, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa
E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.
Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, Dionísio, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu...
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Hilda Hilst...
Endereço de Paz...(1)...
Nunca se diga inútil mecanismo da vida.
A usina é um centro gigantesco de força, mas é a lâmpada
que dosa em casa a luz de que carecemos.
Determinada moradia será provavelmente um palácio,
mas é a chave que lhe resguarda a segurança.
Realmente, não somos indispensáveis, porque a
Providencia Divina não pode falir quando falhamos
transitoriamente, mas, em verdade, segundo a Sabedoria
do Universo, Deus não criaria, se não tivesse necessidade de nós.
Trabalhe e o serviço conferir-lhe-á respostas exatas.
Ofensas e injúrias? Perdoe sinceramente, sejam quais sejam,
e deus auxiliará você a esquecê-las.
Procure agir no bem incessante a alegria ser-lhe-á preciosa salário.
Não importa quando você disponha para agir e servir,
a benefício de outrem.
Vale o que fizer e como fizer daquilo que o Senhor já confiou a você.
Por onde você passe e do tamanho que possa, deixe um rastro de alegria.
Você voltará, mais tarde, para colher-lhe a bênção de luz.
Indiferença ou desprezo de alguém? Trabalhe e olvide.
Não ore por vida fácil.
Roguemos a Deus ombros fortes, não só para carregar
o bendito fardo das obrigações que nos competem, como
também para sermos mais úteis.
Cada coração pode ser um manancial de bênçãos...
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Pelo Espírito André Luiz
- Do livro: Endereço de Paz,
Médium: Francisco Cândido Xavier...
29/09 - Perfeição...
Medite incessantemente e logo contemplar-se-á
como a Essência Infinita, livre de todo tipo de sofrimento.
Deixe de ser um prisioneiro do corpo; usando
a chave secreta de Kriya*, aprenda a escapar para o Espírito...
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Lahiri Mahasaya, citado na "Autobiografia de um Iogue"..
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Tragédia brasileira...
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul...
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Manuel Bandeira...
Meu papagaio...
Toma a palavra, na gaiola alta,
Papagaio Real, meu Papagaio Louro,
sisudo e notável discursador!...
Muito bem!...Apoiado!...
Assim empoleirado,
de fraque verde com botões cor de ouro...
Não sabes, Narigudo Papagaio,
o quanto admiro cada coisa em ti:
tua eloquência, teus passinhos tortos,
teu plastron rubro
teu soberbo humor...
Mais uma vez, meu Papagaio,
quase humano,
meu confidente,
meu consolador!
Repete, discursando,
gravemente:
- "Io t'amo!..."
- "Je t'aime!..."
- "I love you!..."
- "Te amo!..."
- "Te quiero!..."
- "Ia vás liubliú!..."
Vai repetindo, amigo,
caridoso,
a cada instante, sem parar,
tudo o que a minha esquiva amada
teima em não me dizer...
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Guimarães Rosa...
O abrigo noturno...
Soube que em Nova Iorque
Na esquina da Rua 26 com a Broadway
Todas as noites do inverno há um homem
Que arranja abrigo noturno para os que ali não têm teto
Fazendo pedidos aos passantes.
O mundo não vai mudar com isso
As relações entre os homens não vão melhorar
A era da exploração não vai durar menos
Mas alguns homens têm um abrigo noturno
Por uma noite o vento é mantido longe deles
A neve que cairia sobre eles cai na calçada.
Não ponha de lado o livro, você que me lê.
O abrigo noturno
Alguns homens tem um abrigo noturno
Por uma noite o vento é mantido longe deles
A neve que cairia sobre eles cai na calçada
Mas o mundo não vai mudar com isso
As relações entre os homens não vão melhorar
A era da exploração não vai durar menos...
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Bertolt Brecht...
Poema da necessidade...
É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO...
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Carlos Drummond de Andrade...
Coisa tua...
Assim que vi você
logo vi que ia dar coisa
coisa feita pra durar,
batendo duro no peito
até eu acabar virando
alguma coisa
parecida com você
parecia ter saído
de alguma lembrança antiga
que eu nunca tinha vivido,
mas ia viver um dia
alguma coisa perdida
que eu nunca tinha tido
alguma voz amiga
esquecida no meu ouvido
agora não tem mais jeito,
carrego você no peito
poema na camiseta
com a tua assinatura
já nem sei se é você mesmo
ou se sou eu que virei alguma coisa tua.
De tanto não poder dizer
meus olhos deram de falar
só falta você ouvir...
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Alice Ruiz...
Distância...
Entro no teu quarto, como se
entrasse no mar. Um temporal de perguntas
enrola os teus cabelos. Lanças-te
contra as ondas de um sonho antigo,
e abres a porta da varanda
para te sentares à cadeira
do oriente, apanhando o vento
da tarde. «Não te levantes, digo,
e deixa que os teus olhos se libertem
de sombra, depois de uma noite
de amor, para me abrigarem
da luz estéril da madrugada.» Mudas
de posição, como se me tivesses
ouvido; e o teu corpo enche-se
de palavras, como se fosses
a taça da estrofe...
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Nuno Júdice...
Abstração e amor...
Aproxima-te de mim, dá-me as mãos delicadas
E descansa a cabeça em meu ombro.
É melhor que não desnastres os cabelos,
Os louros, finos e obedientes cabelos
- Essa parte dignificada do teu corpo,
A que melhor resistirá à morte.
Hesito entre o lado diurno e noturno do teu ser.
Aos olhos do homem tu és apenas decorativa,
Mas eu pressinto claramente em ti
A que tem o pudor da sua profundidade,
A que espera a anunciação dum forte drama
Que dividirá a vida como espada de dois gumes.
Talvez seja mais belo e favorável à poesia
Que nunca te manifestes totalmente a mim
E que continuemos a nos ver na obscuridade
Para que eu, guardando a eterna nostalgia de ti,
Jamais possa me sentir saciado.
Todos são fascinados pela tua vida visível,
Pela tua aparente suavidade.
Todos são fascinados pelo teu nome:
E ninguém conhece teu verdadeiro nome.
Há entre mim e ti zonas de sombra
Contornadas por anjos divinatórios.
Há entre mim e ti o mínimo necessário
Para assegurar tua invisibilidade.
Existes telefonicamente para mim.
Às vezes não consigo te tornar bastante obscura
E me traio, pedindo tua presença.
Quanto mais longe de ti mais te desejo
E te sinto mais branca e invulnerável.
Ainda não és um mito, ainda não estás
Fixada na invisível realidade...
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Murilo Mendes...
28/09 - Perfeição...
Você deve transferir sua atenção do fracasso
ao sucesso, da preocupação à calma, da agitação
mental à concentração, da inquietude à paz, e da
paz à divina felicidade interior.
Quando você alcançar esse estado de Autorrealização,
o propósito da sua vida terá sido gloriosamente cumprido...
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Paramahansa Yogananda, "A Lei do Sucesso"...
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
É o silêncio...
É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa…
Mas o sangue da luz em cada folha.
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas… Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima…
E a câmara muda. E a sala muda, muda…
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima…
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas… O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego…
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego...
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Pedro Kilkerry...
Lundu do escritor difícil...
Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez.
Cortina de brim caipora,
Com teia caranguejeira
E enfeite ruim de caipira,
Fale fala brasileira
Que você enxerga bonito
Tanta luz nesta capoeira
Tal-e-qual numa gupiara.
Misturo tudo num saco,
Mas gaúcho maranhense
Que pára no Mato Grosso,
Bate este angu de caroço
Ver sopa de caruru;
A vida é mesmo um buraco,
Bobo é quem não é tatu!
Eu sou um escritor difícil,
Porém culpa de quem é!...
Todo difícil é fácil,
Abasta a gente saber.
Bajé, pixé, chué, ôh "xavié"
De tão fácil virou fóssil,
O difícil é aprender!
Virtude de urubutinga
De enxergar tudo de longe!
Não carece vestir tanga
Pra penetrar meu caçanje!
Você sabe o francês "singe"
Mas não sabe o que é guariba?
— Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja...
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Mário de Andrade...
27/09 - Perfeição...
A lua dissipa a escuridão do céu.
Da mesma forma, uma alma que é
treinada para conhecer Deus, uma
alma na qual há a verdadeira devoção
e busca sincera e intensa, dissipará a
escuridão espiritual dos outros, onde quer que vá...
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Paramahansa Yogananda, "A Eterna Busca do Homem"...
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
A fruta aberta...
Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore plantada
bem alta no meio da minha vida.
Agora sei as coisas como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.
Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.
Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta...
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Thiago de Mello...
Não só quem nos odeia e nos inveja...
Não só quem nos odeia e nos inveja
Nos limita e oprime. Quem nos ama
Não menos nos limita
Que os deuses me concedam que, despido
De afectos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; Quem quer nada
É livre; Quem não tem e não deseja,
Homem, é igual aos deuses...
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Ricardo Reis, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa...
Impressionista...
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo...
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Adélia Prado...
Toada dos que não podem amar...
Os que não podem amar
estão cantando.
A luz é tão pouca, o ar é tão raro
que ninguém sabe como ainda vivem.
Os que não podem amar
estão cantando,
estão cantando
e morrendo.
Ninguém ouve o canto que soluça
por detrás das grades...
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Emílio Moura...
Poema da grande alegria...
Olhavas-me tanto
E estavas tão perto de mim
Que, no meu êxtase,
Nem sabia qual fosse
Cada um de nós...
Era num lugar tão longe
Que nem parecia neste mundo...
Num lugar sem horizontes,
Onde, sobre águas imóveis,
Havia lótus encantados...
Vinham de mais longe...
De ainda mais longe,
Músicas sereníssimas,
Imateriais como silêncios...
Músicas para se ouvirem com a alma, apenas...
E tudo, em torno,
Eram purificações...
Não sei para onde me levavas:
Mas aqueles caminhos pareciam
Os caminhos eternos
Que vão até o último sol...
E eu me sentia tão leve
Como o pensamento de quem dorme...
Eu me sentia com aquela outra Vida
Que vem depois da vida...
Eleito, ó Eleito,
Eu queria ficar sonhando
Para sempre,
Tão perto de Ti
Que, no meu êxtase,
Nem se pudesse saber
Qual fosse cada um de nós...
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Cecília Meireles...
Demissão...
Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos se dependentes...
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José Saramago...
Indiferença...
Hoje, voltas-me o rosto, se ao teu lado
passo. E eu, baixo os meus olhos se te avisto.
E assim fazemos, como se com isto,
pudéssemos varrer nosso passado.
Passo esquecido de te olhar, coitado!
Vais, coitada, esquecida de que existo.
Como se nunca me tivesses visto,
como se eu sempre não te houvesse amado
Mas, se às vezes, sem querer nos entrevemos,
se quando passo, teu olhar me alcança
se meus olhos te alcançam quando vais.
Ah! Só Deus sabe! Só nós dois sabemos.
Volta-nos sempre a pálida lembrança.
Daqueles tempos que não voltam mais!...
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Guilherme de Almeida...
A Carolina...
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos...
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Machado de Assis...
Balada...
Amei-te muito, e eu creio que me quiseste
Também por um instante, nesse dia
Em que tão docemente me disseste
Que amavas 'ma mulher que o não sabia.
Amei-te muito, muito! Tão risonho
Aquele dia foi, aquela tarde!...
E morreu como morre todo o sonho
Deixando atrás de si só a saudade...
E na taça do amor, a ambrosia
Da quimera bebi aquele dia
A tragos bons, profundos, a cantar...
Pra que morreste, ó sonho?! Desgraçada!...
E como o rei de Thule da balada
Deitei então a minha taça ao mar...
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Florbela Espanca...
Receita de mulher...
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul,
como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável...
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Vinicius de Moraes...
Longe de ti...
Longe de ti, se escuto, porventura,
Teu nome, que uma boca indiferente
Entre outros nomes de mulher murmura,
Sobe-me o pranto aos olhos, de repente...
Tal aquele, que, mísero, a tortura
Sofre de amargo exílio, e tristemente
A linguagem natal, maviosa e pura,
Ouve falada por estranha gente...
Porque teu nome é para mim o nome
De uma pátria distante e idolatrada,
Cuja saudade ardente me consome:
E ouvi-lo é ver a eterna primavera
E a eterna luz da terra abençoada,
Onde, entre flores, teu amor me espera...
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Olavo Bilac...
Despropósito geral...
Esse estranho hábito,
escrever obras-primas.
não me veio rápido.
Custou-me rimas.
Umas, paguei caro,
liras, vidas, preços máximos.
Umas, foi fácil.
Outras, nem falo.
Me lembro duma
que desfiz a socos.
Duas, em suma.
Bati mais um pouco.
Esse estranho abuso,
adquiri, faz séculos.
Aos outros, as músicas.
Eu, senhor, sou todo ecos...
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Paulo Leminski...
Há metafísica bastante em não pensar em nada...
O que penso eu?
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso. Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora...
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Alberto Caeiro, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa...
Poema...
Encontraremos o amor depois que um de nós abandonar
os brinquedos.
Encontraremos o amor depois que nos tivermos despedido
E caminharmos separados pelos caminhos.
Então ele passará por nós,
E terá a figura de um velho trôpego,
Ou mesmo de um cão abandonado,
O amor é uma iluminação, e está em nós, contido em nós,
E são sinais indiferentes e próximos que os acordam do
seu sono subitamente...
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Augusto Frederico Schmidt...
Aos amigos e inimigos...
De amigos e inimigos
fui servido,
agora estamos unidos,
atrelados ao degredo.
Nunca fui o escolhido
onde os deuses me puseram.
Nem sou deles, sou de mim
e dos íntimos infernos.
Não.
Não me entreguem aos mortos,
os filhos que me pariram
e plasmei com meus remorsos
no seu mágico convívio.
De amigos e inimigos
fui servido
e com tão finada vida
e alegados motivos,
que ao dar por eles, já partira
e quando dei por mim, não estava vivo...
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Carlos Nejar...
O urubu mobilizado...
Durante as secas do Sertão, o urubu
de urubu livre, passa a funcionário.
O urubu não retira, pois prevendo cedo
que lhe mobilizarão a técnica e o tacto,
cala os serviços prestados e diplomas,
que o enquadrariam num melhor salário,
e vai acolitar os empreiteiros da seca,
veterano, mas ainda com zelos de novato:
aviando com eutanásia o morto incerto,
ele, que no civil que o morto claro.
2.
Embora mobilizado, nesse urubu em ação
reponta logo o perfeito profissional.
No ar compenetrado, curvo e conselheiro,
no todo de guarda-chuva, na unção clerical,
Com que age, embora em posto subalterno:
ele, um convicto profissional liberal...
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João Cabral de Melo Neto...
Testamento do Brasil...
Que já se faça a partilha.
Só de quem nada possui
nada de nada terei.
Que seja aberto na praia,
não na sala do notário,
o testamento de todos.
Quero de Belo Horizonte
este píncaro mais áspero,
onde fiquei sem consolo,
mas onde floriu por milagre
no recôncavo da brenha
a campânula azulada.
De São João del-Rei só quero
as palmeiras esculpidas
na matriz de São Francisco.
Da Zona da Mata quero
o Ford envolto em poeira
por esse Brasil precário
dos anos vinte (ou twenties),
quando o trompete de jazz
ruborizava a aurora
cor de cinza de Chicago.
Do Alto do Rio Negro
quero só a solidão
compacta como o cristal,
quero o índio rodeando
o motor do Catalina,
quero a pedra onde não pude
dormir à beira do rio,
pensando em nós-brasileiros
- entrelaçados destinos -
como contas carcomidas
de um rosário de martírios.
De Lagoa Santa quero
o roxo da Sexta-feira,
quero a treva da ladeira,
os brandões da noite acesa,
quero o grotão dos cajus,
onde surgiu uma vez
no breu da noite mineira
uma alma doutro mundo.
Da porta pobre da venda
de todos os povoados
quero o silêncio pesado
do lavrador sem trabalho,
quero a quietude das mãos
como se fossem de argila
no balcão engordurado.
Ainda quero da vila
a ira que se condensa,
a dor imóvel e dura
como um coágulo no sangue.
Da Fazenda do Rosário
quero o mais árido olhar
das crianças retardadas,
quero o grito compulsivo
dos loucos, fogo-pagô
de entardecer calcinado,
a névoa seca e o não,
o não da névoa e o nada.
Da cidade da Bahia
quero os pretos pobres todos,
quero os brancos pobres todos,
quero os pasmos tardos todos.
Do meu Rio São Francisco
quero a dor do barranqueiro,
quero as feridas do corpo,
quero a verdade do rio,
quero o remorso do vale,
quero os leprosos famosos,
escrofulosos famintos,
quero roer como o rio
o barro do desespero.
Dos mocambos do Recife
quero as figuras mais tristes,
curvadas mal nasce o dia
em um inferno e lama.
Quero de Olinda as brisas,
brisas leves, brisas livres,
ou como se quer um sol
ou a moeda de ouro
quero a fome do Nordeste,
toda a fome do Nordeste.
Das tardes do Brasil quero,
quero o terror da quietude,
quero a vaca, o boi, o burro
no presépio do menino
que não chegou a nascer.
Dos domingos cor de cal
quero aquele som de flauta
tão brasileiro, tão triste.
De Ouro Preto o que eu quero
são as velhinhas beatas
e a água do chafariz
onde um homem se dobrou
para beber e sentiu
a pobreza do Brasil.
Do Sul, o homem do campo,
matéria-prima da terra,
o homem que se transforma
em cereal, vinho e carne.
Do Rio quero as favelas,
a morte que mora nelas.
De São Paulo quero apenas
a banda pobre da fruta,
as chagas do Tietê,
o livro de Carolina.
Do noturno nacional
quero a valsa merencórea
com o céu estrelejado,
quero a lua cor de prata
com saudades da mulata
das grandes fomes de amor.
Do litoral feito luz
quero a rude paciência
do pescador alugado.
Da aurora do Brasil
-bezerra parida em dor -
apesar de tudo, quero
a violência do parto
(meu vagido de esperança)...
.
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Paulo Mendes Campos...
As pessoas sensíveis...
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão"
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheias de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem...
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Sophia de Mello Breyner...
O poeta...
Vão dizer que não existo propriamente dito.
Que sou um ente de sílabas.
Vão dizer que eu tenho vocação pra ninguém.
Meu pai costumava me alertar:
Quem acha bonito e pode passar a vida a ouvir o som
das palavras
Ou é ninguém ou zoró.
Eu teria treze anos.
De tarde fui olhar a Cordilheira dos Andes que
se pendia nos longes da Bolívia
E veio uma iluminura em mim.
Foi a primeira iluminura.
Daí botei meu primeiro verso:
Aquele morro bem que entorta a bunda da paisagem.
Mostrei a obra pra minha mãe.
A mãe falou:
Agora você vai ter que assumir as suas
irresponsabilidades.
Eu assumi: entrei no mundo das imagens...
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Manoel de Barros...
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