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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O procurador do amor...


Amor, a quanto me obrigas.

De dorso curvo e olhar aceso,

troto as avenidas neutras

atrás da sombra que me inculcas.


Esta sombra que se confunde

com as mulheres gordas e magras

entra numa porta, sai por outra

como nos filmes americanos,

e reaparece olhando as vitrinas.


Meu olhar desnuda as passantes.

Às vezes, um bico de seio

vale mais que o melhor Baedeker.

Mas onde seio para minha sede?


O andar, a curva de um joelho,

vinco de seda no quadril

(não sabia quanto eras pura),

faço a polícia dos dessous.


Eu sei que o êxtase supremo,

o looping no céu espiritual

pode enredar-se, malicioso,

no que as mulheres mais (?) escondem

no que meus olhos mais indagam.


O dia se emenda com a noite.

As mulheres vão para a rua

mas a mulher que tu me destinas

talvez ainda esteja em Peiping.


Desiludido ainda me iludo.

Namoro a plumagem do galo

no ouro pérfido do coquetel.

Enquanto as mulheres cocoricam

os homens engolem veneno.


E faço este verso perverso

inútil, capenga e lúbrico.

É possível que neste momento

ela se ria de mim

aqui, ali ou em Peiping.


Ora viva o amendoim...
.
.
.
Carlos Drummond de Andrade...

2 comentários:

  1. QUE LINDO AMIGA ,SÓ QUEM É POETA COMO GENTE PRA ENTENDER, A VERDADEIRO SENTINDO DA NOSSA PALAVRA QUE TRANSMITE NOSSOS SENTIMENTOS REAIS...
    TE AMO LINDINHA BJKS
    JOANA SOUZA

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    Respostas
    1. Obrigada querida vc é sempre um amorzinho te adoro viu...Beijão da sua sempre amiga su....

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