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terça-feira, 14 de agosto de 2012

A flauta vértebra...


A todas vocês

que eu amei e que eu amo,

ícones guardados num coração-caverna,

como quem nun banquete ergue a taça e celebra,

repleto de versos meu crânio.


Penso, mais de uma vez:

seria melhor talvez

pôr-me o ponto final de um balaço.

Em todo caso

eu

hoje vou dar meu concerto de adeus.


Memória!

Convoca aos salões do cérebro

um renque inumerável de amadas.

Verte o riso de pupila em pupila,

veste a noite de núpcias passadas.

De corpo a corpo verta a alegria.

Esta noite ficará na História.

Hoje executarei meus versos

na flauta de minhas próprias vértebras...
.
.
.
Vladimir Mayakovski...

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