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terça-feira, 14 de agosto de 2012

A alma e sua danação...


Animal doméstico,

animal de festa e guerra,

homem,

preso a si mesmo pela cauda ridícula,

preso aos outros pelo movimento da pata,

não tens outra porta ou acomodação neces-

sária

não tens outro tema ou teorema

a modular com as traças.

Teus pais te engedraram para seres

doméstico.

Uma estrela guiou tua vinda para seres

doméstico.

Cresceste além da sede e da fome

para seres doméstico.

E quando pensaste atingir o infinito, com as

têmporas

ficaste enterrado num sotão doméstico.


Doméstico como os gatos e as moscas,

não pões asco de estar ali

a farejar os pratos

e cheirar por justiça nos corredores.


Doméstico e atado

pela coleira das convenções,

doméstico e fácil, satisfatório

em todos os assuntos de disciplina,

hábil na manipulação dos horizontes,

que fazer senão saber-se

passivamente doméstico,

enrolando-se nisso?


Articulas-te, entre a angústia e a esperança,

com o dorso numa e noutra coisa

e as pernas da ambição nos elétricos.


Animal doméstico,

dormes nos calendários

e a morte te desperta

no melhor da sesta.


Doméstico, até na morte doméstico...
.
.
.
Carlos Nejar...

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