Pesquisar este blog

Meus Vídeos...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Musa consolatrix...



Que a mão do tempo e o hálito dos homens

Murchem a flor das ilusões da vida,

Musa consoladora,

É no teu seio amigo e sossegado

Que o poeta respira o suave sono.

Não há, não há contigo,

Nem dor aguda, nem sombrios ermos;

Da tua voz os namorados cantos

Enchem, povoam tudo

Da íntima paz de vida e de conforto.

Ante esta voz que as dores adormece,

E muda o agudo espinho em flor cheirosa,

Que vales tu, desilusão dos homens?

Tu que podes, ó tempo?

A alma triste do poeta sobrenada

À enchente das angústias,

E, afrontando o rugido da tormenta,

Passa cantando, alcíone divina.

Musa consoladora,

Quando da minha fronte da mancebo

A última ilusão cair, bem como

Folha amarela e seca

Que ao chão atira a viração do outono,

Ah! no teu seio amigo

Acolhe-me, — e haverá minha alma aflita,

Em vez de algumas ilusões que teve,

A paz, o último bem, último e puro!...
.
.
.
Machado de Assis...

Nenhum comentário:

Postar um comentário