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quinta-feira, 26 de julho de 2012

O gondoleiro do amor...


Teus olhos são negros, negros,

Como as noites sem luar...

São ardentes, são profundos,

Como o negrume do mar;


Sobre o barco dos amores,

Da vida boiando à flor,

Douram teus olhos a fronte

Do Gondoleiro do amor.


Tua voz é a cavatina

Dos palácios de Sorrento,

Quando a praia beija a vaga,

Quando a vaga beija o vento;


E como em noites de Itália,

Ama um canto o pescador,

Bebe a harmonia em teus cantos

O Gondoleiro do amor.


Teu sorriso é uma aurora,

Que o horizonte enrubesceu,

— Rosa aberta com biquinho

Das aves rubras do céu.


Nas tempestades da vida

Das rajadas no furor,

Foi-se a noite, tem auroras

O Gondoleiro do amor.


Teu seio é vaga dourada

Ao tíbio clarão da lua,

Que, ao murmúrio das volúpias,

Arqueja, palpita nua;


Como é doce, em pensamento,

Do teu colo no langor

Vogar, naufragar, perder-se

O Gondoleiro do amor!?


Teu amor na treva é — um astro,

No silêncio uma canção,

É brisa — nas calmarias,

É abrigo — no tufão;


Por isso eu te amo, querida,

Quer no prazer, quer na dor,...

Rosa! Canto! Sombra! Estrela!

Do Gondoleiro do amor...
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Castro Alves...

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