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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Rosa dos Ventos...



Num dia ensolarado eu ia andando pela avenida mais movimentada de São Paulo, a Av Paulista, sua calçadas largas, as duas pistas, a decoração, o movimento.



Eu trabalhava em um prédio ali no oitavo andar, bem no meio da avenida, perto do Masp, já a muito tempo em minha rotina, vai e volta de casa para o trabalho, pessoas que vão e vem a todo momento, um centro financeiro de São Paulo.


Minha vida era resumida naquilo, o que eu estava fazendo neste mundo sem saber o que eu tinha de missão a cumprir, uma vida vazia, só pensava em dinheiro, comprar, se vestir, arrumar a minha casa, mas sempre na minha mente, será que minha vida era só aquilo, será que eu não teria algo mais importante a cumprir.


Desde o meu nascimento tive sempre alguém olhando por mim, minha mãe, meu pai, os professores de minha escola, na universidade, minha namorada que hoje é minha esposa, pessoas a dar opiniões em minha vida, no que eu devo ou não acreditar, influenciando meus atos.


Sinto que tenho que me libertar, não me distanciar das pessoas que amo, mas sim me libertar em minha forma de pensar, os meus sentimentos são medidos por presentes que dou, todos que estão em minha volta não sabem quem eu realmente sou, na verdade nem eu mesmo sem quem sou, porque eu não penso por mim.


Estou ligado a um sistema, a um trem que segue, eu sou apenas um vagão, não tenho como sair do trilho tenho no fundo do meu coração a vontade de mudar e fazer algo de importante em minha vida, para meus filhos saberem que um dia aquilo que eu fiz mudou a vida de muita gente.


Saí do trabalho agora, já estou indo como sempre para casa, amo minha esposa e meus filhos, não sei o que estou pensando, parece as vezes que estou me rebelando contra mim mesmo.


O caminho para casa é rápido, nem preciso enfrentar o transito, moro em um apartamento pequeno aqui perto, meu prédio está em reforma, as pinturas se desgastaram.


Será meu Deus que a pintura de minha mascara também se desgastou, qual a verdadeira razão de estarmos aqui nesta terra, se vivemos uma vida normal ainda temos aquele vazio, se temos também uma esposa e filhos continuamos com o vazio, para que tudo isto, preciso descobrir se não vou acabar louco.


Já em casa vejo minha esposa preparando o jantar, coitada ele também deve ter os mesmos sentimentos, sua vida se resume em arrumar a casa e cuidar dos filhos, no quarto vejo meu filho com oito anos, ele está brincando com um trabalho que fez na escola hoje.


Uma cartolina em um arame, recortada no desenho da rosa dos ventos, em cada ponta uma letra, n de norte, s de sul, depois leste e oeste, o arame está preso em um isopor,, com o vento ela gira, é um trabalho de escola que ajuda a criança, com o formato de brinquedo a memorizar a rosa dos ventos.


A noite, já em minha cama me torturo com pensamentos que me colocam contra mim mesmo, tenho que descobrir a minha razão de vida, tenho que ser feliz, resolvi ir até o quarto de meu filho para ver se ele está bem, abri a porta, ele estava dormindo bem, parece um anjinho, fiquei perto da cama dele e fiz uma oração para ele, ele e minha esposa são a única coisa que tenho de bom no mundo


A rosa de meu filho começou a girar em sentido horário, devagar, mas estava girando, eu fiquei impressionado com aquilo porque não havia vento, não tinha corrente de ar, porque ela estava girando, o quarto dele fechado, fiquei com medo, nunca tinha passado por este tipo de problema.


Pensei comigo, eu nunca tinha pensado em minha vida na possibilidade de existir espíritos, nunca freqüentei nada, "mas será que era algum espírito que queria falar alguma coisa", de repente a rosa parou de girar e ficou apontando o "s" de sul para cima, ou será que era s de sim.


Pensei, "deve ser algum espírito mal", incrível ela começou a se mover, agora em sentido anti-horário, sem nenhuma razão, não tem vento, parou no n de norte, mas acho que é "não".


No outro dia quando cheguei do trabalho meu filho tinha estragado a rosa dos ventos, eu fiquei com aquilo na cabeça, será que tinha alguém tentando se comunicar comigo, se tinha como pode movimentar aquela cartolina, eu nunca acreditei em espíritos, resolvi sentar em minha escrivaninha e fazer outra rosa, não foi difícil, só que eu coloquei o sim e o não.


Quando já era mais ou menos meia noite, minha esposa já estava dormindo, levantei e fui até a escrivaninha e tentei me comunicar, a rosa estava do mesmo jeito e na mesma posição em que estava no quarto de meu filho e já formulei meio incrédulo e meio ansioso a primeira pergunta.


-Tem alguém querendo falar comigo?


Num primeiro momento não veio resposta nenhuma, já a cinco minutos esperando quase desisti, a rosa girou.


-Sim.


Você é mal, é um espírito mal?


-Não.


Eu estava entusiasmado com aquilo, era surpreendente, algo de novo em minha vida, estava querendo ir a fundo, para ver e saber o que poderia um espírito querer falar comigo.


-Você quer que eu faça algo maior para que você possa falar comigo.


-Sim.


Eu não sabia como eu iria fazer uma rosa que tivesse as letras do alfabeto, mas eu estava disposto a dar um jeito.


Guardei aquela rosa dos ventos e fui dormir, no outro dia eu fui trabalhar pensando e calculando o que poderia fazer, eu tinha que me aprofundar e saber o que poderia estar para ser comunicado para mim do mundo espiritual.


Nem agüentava de tanto que fiquei ansioso com aquilo, não conseguia nem trabalhar, quando cheguei em casa fui imediatamente dar um jeito de fazer uma roda de papelão que tivesse todas as letras do alfabeto, eu estava sentindo que algo de bom estava para acontecer.


Não ficou muito bonita, mas servia para que eu pudesse tentar me comunicar, coloquei em um arame e deixei meio solta, para se movimentar com facilidade, não tinha a inclinação de hélice para que o vento pudesse girar ela, mas eu acreditava que iria funcionar, afinal não foi o vento que girou a outra que meu filho tinha feito.


Já eram duas horas da madrugada, tudo estava no mais absoluto silêncio, eu estava ali sentado em frente daquele papelão redondo com letras nas extremidades, naquela noite não sei porque não consegui nenhum resultado.


No dia seguinte, um sábado eu estava de folga, intrigado com aquilo resolvi ir a um centro espírita que tem aqui perto, nunca tinha entrado num lugar destes, estranhei tudo, minha esposa não quis vir comigo nem meu filho, tinham medo.


Fui criado desde pequeno na religião Católica, meus Pais se separaram cedo, minha mãe foi para Minas Gerais com um sujeito que nem conheço.


Já está a dez anos longe, meu Pai faleceu a cinco anos, da minha família sempre tive o seguimento católico como base de educação, antes que minha mãe fosse embora eu já havia me casado, ela não quis morar comigo, conheceu um novo amor em sua vida e acompanhou ele, desde aquela época eu não a vejo.


Em frente ao centro espírita estava escrito em frente, Federação Espírita de São Paulo, achei que deveria ser alguma coisa bem séria, porque era um prédio grande, várias pessoas entrando e saindo, pessoas que pareciam ser de bem.


Tomei um café em um bar que ficava do outro lado da rua, resolvi entrar, lá dentro pessoas conversando, vários grupos de amigos, eu estava sozinho, fiquei prestando atenção, estava para acontecer uma palestra, ou reunião não sei, fui junto com as pessoas que ali estavam, ninguém veio me perturbar meu anonimato.


Sentei em poltronas que eram confortáveis, pareciam de cinema, um senhor de cabelos brancos lá na frente no palco começou a falar, sua vós era suave, ele falava bem, tinha o aspecto de ser uma pessoa muito experiente, falava sobre o amor ao próximo, sobre Jesus e seu sacrifício, sobre a evolução espiritual dos seres aqui na terra, e caridade.


Fiquei impressionado com a palestra, em nenhum momento foi me pedido dinheiro como em outras reuniões de igrejas que já tinha ido e muito menos ele atacou outras religiões, me senti bem.


Quando saí da palestra resolvi parar em um canto do salão externo e ver os livros, foi muito estranho, me deu a impressão que eu estava sendo conduzido, um livro em especial me chamou a atenção, era o Livro dos Espíritos, comprei, era barato, fui para minha casa pensando, “preciso conseguir levar minha esposa e meu filho nesta palestra, eles precisam ver e sentir o que eu senti, um calor no coração”.


Meu nome é Gerson, minha esposa Marisa e meu filho Denis, até agora eu era inexistente, não tinha nome, não existia, agora já tenho uma esperança, uma meta, e sei que existe muita coisa no mundo que não podemos ver nem tocar, coisas do amor a Deus, que eu preciso aprender, a vida do trabalho para casa e de casa para o trabalho, a escravidão do consumismo, o dinheiro, sinto que estou me libertando.


Aquele livro que comprei na lojinha da Federação Espírita era maravilhoso, havia muitas perguntas feitas a espíritos e respostas dadas diretamente pelos espíritos, eu ia lendo e me aprofundando.


Parecia que as perguntas eram minhas, tudo que estava escrito ali eu tinha a nítida impressão que já sabia e tinha esquecido, falava de vários assuntos como a morte, a vida após a morte, coisas que eu nunca teria pensado, mas que ao mesmo tempo me dava a impressão que já sabia daqueles assuntos, mas por uma vida que levava atribulada tinha deixado de lado, eu estava revivendo, “reativando a minha memória”.


Após uns dez dias eu já tinha lido o livro, e conseguido que minha família me acompanhasse a federação, eles acabaram ficando curiosos, porque eu havia mudado, minhas palavras, meu dia a dia, eu estava me sentindo feliz por ter um caminho.


Era mais ou menos meia noite, estávamos na sala, não sei porque fui buscar aquela rosa dos ventos que eu tinha feito, só que não era mais a rosa dos ventos, a minha tinha várias pontas a mais para receber a letra do alfabeto, coloquei na mesinha da sala, minha esposa e meu filho ainda não acreditavam no que eu havia descoberto.


“Havia um mundo espiritual muito maior do que o que nós vivíamos”


Fiz uma oração pedindo a Deus a permissão de uma mensagem para nos ajudar, pedi a espíritos bons que ali estivessem que me dessem uma mensagem, eu queria que minha esposa visse, não era para matar a curiosidade e sim para que ela acreditasse e tivesse fé como eu passei a ter.


Meu filho ficou pronto com um papel, e conforme ela fosse parando nas letras eu ia dizendo e ele marcava para formar as palavras, passaram-se umas duas horas e não consegui nada.


Marisa resolveu ir tomar um banho, meu filho Denis foi deitar-se, já era tarde, fiquei sozinho na sala, a rosa estava se movimentando e marcando letras, corri para anotar, mas porque ela não fez enquanto estava todo mundo junto, eu queria que Marisa visse, quando a rosa parou de girar eu tinha anotado as letras, elas diziam:


“Daqui para frente, aja com o coração, tenha fé em Deus, seja feliz, você nasceu para o espírito”.
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Espiritismo Verdadeiro ...

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