Aquela tarde de domingo estava chuvosa. O vento balançava os galhos mais frágeis das árvores do jardim. Ricardo, entediado, observava isso pela janela, debruçado sobre o parapeito. O pequeno garoto odiava a chuva. Nos dias chuvosos, ele não podia ficar jogando bola no gramado do sítio de seu avô e nem ficar correndo pelo campo, brincando. Cansado de esperar a chuva passar, perguntou em voz alta, para quem quisesse ouvir:
- Por que o tempo não passa?
Sua avó deu uma risadinha, sem tirar os olhos do tricô. O avô, que estava sentado na poltrona ao lado da lareira, desviou os olhos do jornal para a janela, aparentemente avaliando o que via através do vidro.
- Ricardo, o tempo está passando – disse o avô, voltando os olhos para o jornal. – E ele é um senhor, um senhor muito poderoso. Ele tem o poder de nos fazer esquecer, aprender, evoluir, perdoar. Ele pode nos deixar sozinhos, levar-nos com ele. E ele é poderoso o suficiente para nos fazer pensar em como o esquecemos, deixando tudo para depois, sem saber que depois é tarde demais. Mas não se esqueça, meu neto – o avô dobrou o jornal ao meio, encarando Ricardo –, o tempo não pára. Ele nem pode. Na verdade, ele só quer que você o acompanhe no ritmo dele.
- Nossa, vô – disse a criança com os olhos arregalados, desviados da janela para o avô, sem entender muita coisa.
- Meu neto, só quero que você aproveite a juventude. Não se queixe, pois enquanto chove, você pode fazer muita coisa. Por que você não vai brincar?
E o garotinho foi para o quarto, correndo, brincar um pouco.
- Que discurso, hein, querido? – concluiu a avó, colocando o tricô de volta no cesto aos seus pés.
- É. Acho que escolhi o público errado.
- Sem dúvidas.
- Eu só quero que ele aproveite a vida dele ao máximo. A vida parece longa, mas na verdade não é. O tempo nos castiga e ele não perdoa. A gente esquece dele por um tempo e olha o que ele faz conosco. Esses cabelos brancos, essas rugas, essas dores nas costas.
- Pois é, meu velho. O tempo passou rápido mesmo.
A senhora se levantou e foi sentar-se no braço da poltrona em que o marido estava afundado. Passou o braço pelos ombros dele e os dois fitaram a janela durante algum tempo. Tempo em que Ricardo arranjava alguma diversão para si mesmo...
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Rodrigo...
- Por que o tempo não passa?
Sua avó deu uma risadinha, sem tirar os olhos do tricô. O avô, que estava sentado na poltrona ao lado da lareira, desviou os olhos do jornal para a janela, aparentemente avaliando o que via através do vidro.
- Ricardo, o tempo está passando – disse o avô, voltando os olhos para o jornal. – E ele é um senhor, um senhor muito poderoso. Ele tem o poder de nos fazer esquecer, aprender, evoluir, perdoar. Ele pode nos deixar sozinhos, levar-nos com ele. E ele é poderoso o suficiente para nos fazer pensar em como o esquecemos, deixando tudo para depois, sem saber que depois é tarde demais. Mas não se esqueça, meu neto – o avô dobrou o jornal ao meio, encarando Ricardo –, o tempo não pára. Ele nem pode. Na verdade, ele só quer que você o acompanhe no ritmo dele.
- Nossa, vô – disse a criança com os olhos arregalados, desviados da janela para o avô, sem entender muita coisa.
- Meu neto, só quero que você aproveite a juventude. Não se queixe, pois enquanto chove, você pode fazer muita coisa. Por que você não vai brincar?
E o garotinho foi para o quarto, correndo, brincar um pouco.
- Que discurso, hein, querido? – concluiu a avó, colocando o tricô de volta no cesto aos seus pés.
- É. Acho que escolhi o público errado.
- Sem dúvidas.
- Eu só quero que ele aproveite a vida dele ao máximo. A vida parece longa, mas na verdade não é. O tempo nos castiga e ele não perdoa. A gente esquece dele por um tempo e olha o que ele faz conosco. Esses cabelos brancos, essas rugas, essas dores nas costas.
- Pois é, meu velho. O tempo passou rápido mesmo.
A senhora se levantou e foi sentar-se no braço da poltrona em que o marido estava afundado. Passou o braço pelos ombros dele e os dois fitaram a janela durante algum tempo. Tempo em que Ricardo arranjava alguma diversão para si mesmo...
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Rodrigo...
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