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terça-feira, 6 de março de 2012

Canto do meu canto...

Escrevi no chão do outrora
e agora me reconheço:

pelas minhas cercanias

passeio, mal me freqüento.

Mas pelo pouco que sei

de mim, de tudo que fiz,

posso me ter por contente,

cheguei a servir à vida,

me valendo das palavras.

Mas dito seja, de uma vez por todas,

que nada faço por literatura,

que nada tenho a ver com a história,

mesmo concisa, das letras brasileiras.

Meu compromisso é com a vida do homem,

a quem trato de servir

com a arte do poema. Sei que a poesia

é um dom, nasceu comigo.

Assim trabalho o meu verso,

com buril, plaina, sintaxe.

Não basta ser bom de ofício.

Sem amor não se faz arte.



Trabalho que nem um mouro,

estou sempre começando.

Tudo dou, de ombros e braços,

e muito de coração,

na sombra da antemanhã,

empurrando o batelão

para o destino das águas.

(O barco vai no banzeiro,

meu destino no porão.)



Nada criei de novo.

Nada acrescentei às formas

tradicionais do verso.

Quem sou eu para criar coisas novas,

pôr no meu verso, Deus me livre, uma

invenção...
.
.
.
Thiago de Melo...

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