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terça-feira, 6 de março de 2012

Canção na Plenitude ...

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele

translúcida há muito se manchou.

Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura

agrandada pelos anos e o peso dos fardos

bons ou ruins.

(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)



O que te posso dar é mais que tudo

o que perdi: dou-te os meus ganhos.

A maturidade que consegue rir

quando em outros tempos choraria,

busca te agradar

quando antigamente quereria

apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza

e juventude agora: esses dourados anos

me ensinaram a amar melhor, com mais paciência

e não menos ardor, a entender-te

se precisas, a aguardar-te quando vais,

a dar-te regaço de amante e colo de amiga,

e sobretudo força -- que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável

cujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,

cujas correntes ocultas não levam destroços

mas o sonho interminável das sereias.
.
.
.
Lya Luft...

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