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domingo, 5 de agosto de 2012
O artista inconfessável...
Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer.
que é inútil: nunca o esquecer
Mas fazer o inútil, sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e difícilmente
se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor.Ninguém
que o feito e foi para ninguém...
.
.
.
João Cabral de Melo Neto...
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