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sábado, 19 de maio de 2012

Litogravura...


Eu voltava cansado como um rio.

No Sumaré altíssimo pulsava

a torre de tevê, tristonha, flava.

Não: voltava humilhado como um tio

bêbado chega a casa de um sobrinho.

Pela ravina, lento, lentamente,

feria-se o luar, num desalinho

de prata sobre a Gávea de meus dias.

Os cães quedaram quietos bruscamente.

Foi no tempo dos bondes: vi um deles

raiar pelo Bar Vinte, borboleta

flamante, touro rútilo, cometa

que se atrasa no cosmo e desespera:

negra, na jaula em fuga, uma pantera.


Passei a mão nos olhos: suntuosa,

negra, na jaula em fuga, ia uma rosa...
.
.
.
Paulo Mendes Campos...

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