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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Agonia ...



No teu grande corpo branco depois eu fiquei.

Tinha os olhos lívidos e tive medo.

Já não havia sombra em ti - eras como um grande deserto de areia

Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites.

Na minha angústia eu buscava a paisagem calma

Que me havias dado tanto tempo

Mas tudo era estéril e mostruoso e sem vida

E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara.

Eu estremecia agonizando e procurava me erguer

Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos.

Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma

Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem.

Depois foi o sono, o escuro, a morte.

Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente

Vinha cheio do pavor das tuas entranhas...
.
.
.
Vinícius de Moraes...

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