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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Invisíveis...



Somos invisíveis?


É bem possível que

uma grande maioria de nós

já tenha se questionado

dessa forma,

em algum momento.

Acontece quando

se entra em uma loja

e o atendente nos ignora.

Ou quando estamos frente

ao balcão de uma companhia aérea,

tentando saber se o vôo

está no horário.

Ou,

em algumas repartições públicas,

à procura de informações.

A pessoa que ali está,

simplesmente ignora

nossa indagação, nossa presença.

É como se fôssemos invisíveis.

Para nós que lidamos

com a imortalidade,

que estudamos a respeito

da vida que nunca cessa,

o primeiro pensamento

que nos acode,

ao nos sentirmos assim ignorados é:

Será que eu morri

e não me dei conta?

Terei acaso atravessado

a fronteira da vida

sem me aperceber?

Será por causa disso

que as pessoas

não me vêem,

não me respondem?

No entanto,

além dessas situações,

de um modo geral,

quase todos nós

nos movemos no mundo

sem darmos atenção aos demais.

É assim que caminhamos pela rua,

olhando nomes das ruas,

números, veículos,

sem olhar ao nosso redor.

Por isso, é comum

esbarrarmos nos outros,

e não nos darmos conta

de suas presenças.

Esbarramos

e continuamos em frente,

ao encalço do nosso objetivo,

sem nos determos sequer

para pedir desculpas.

Ou para auxiliar a pessoa

a juntar o que

a fizemos derrubar

com nosso esbarrão.

Isso, quando não é

a própria pessoa

que perde o equilíbrio

e vai ao chão.

Quando se abrem as portas

dos coletivos urbanos,

saímos como quem precisa

apagar incêndio logo adiante.

Alguns vão abrindo caminho,

à força, batendo com a mochila

que trazem às costas

nos que aguardam nas filas

e continuam em frente.

Pisam nos pés alheios,

mas prosseguem andando.

Na ânsia de alcançar

o seu destino,

rapidamente, carregam consigo

o que estiver no caminho:

embrulhos, livros...

ou pessoas.

Mas nunca se voltam

para pedir desculpas.

Porque nada vêem,

nada sentem,

nada percebem.

Somente eles existem

no caminho...

Em filas de cinema,

supermercados,

bancos, repartições,

a questão não é muito diferente.

Pessoas com pressa,

com compromissos urgentes,

tentam passar à frente de outras

que aguardam há muito tempo.

Para elas,

não existe ninguém mais

do que elas mesmas...

e o seu problema,

a sua dificuldade.

Se estamos no rol

dessas pessoas afoitas,

insensíveis,

que somente vêem a si mesmas,

estanquemos o passo.

Olhemos ao redor, observemos,

respeitemos os que compartilham

o mesmo ônibus,

a mesma lanchonete,

a mesma repartição pública.

O fato de termos

que resolver muitas questões

não está dissociado

da possibilidade de sermos gentis,

delicados, atenciosos.

Não nos impede

de olharmos ao redor,

de ceder o lugar a um idoso,

uma grávida,

alguém com dificuldade física.

Pensemos que tanto quanto nós

não desejamos ser tratados

como invisíveis,

não devemos assim proceder

com relação aos demais.

Somos todos humanos,

necessitados uns dos outros.

Ajamos então,

como quem já se alçou

à Humanidade

e deseja prosseguir caminho,

rumo à angelitude,

nosso passo seguinte...
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