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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Poema...


O poema me levará no tempo

Quando eu já não for eu

E passarei sozinha

Entre as mãos de quem lê


O poema alguém o dirá

Às searas


Sua passagem se confundirá

Como rumor do mar com o passar do vento


O poema habitará

O espaço mais concreto e mais atento


No ar claro nas tardes transparentes

Suas sílabas redondas


(Ó antigas ó longas

Eternas tardes lisas)


Mesmo que eu morra o poema encontrará

Uma praia onde quebrar as suas ondas


E entre quatro paredes densas

De funda e devorada solidão

Alguém seu próprio ser confundirá...
.
.
.
Com o poema no tempo...Sophia de Mello Breyner...

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