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quinta-feira, 12 de julho de 2012

O malvindo...



Vive dando cabeçada.

Navegou mares errados,

perdeu tudo que não tinha,

amou a mulher difícil,

ama torto cada vez

e ama sempre, desfalcado,

com o punhal atravessado

na garganta ensandecida.

Este, o triste cavaleiro

de tristíssima figura

que nem mesmo teve a graça

de estar ao lado de Alonso

e poder narrar eventos

nos quais entrou de mau jeito

mas com sabor de epopéia.

Nada a fazer com este tipo

avesso a qualquer romança

ou ode, apenas terráqueo,

ou nem isso, extraterráqueo,

de quem não se ouve um grito

mais além do que um gemido,

nem uma palavra lúcida

varando o cerne das coisas

que esperam ser reveladas

e nós todos pressentimos.

Inútil corpo, alma inútil

se não transfunde alegria

e esperança de renovo

no universo fatigado

em que repousa e não ousa.

Sua ficha — foi rasgada,

por ausência de sinais.

Seu nome — por que sabê-lo?

E sua vida completa

já nem é vida, é jamais...
.
.
.
Carlos Drummond de Andrade...

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