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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Metade...



Que a força do medo que tenho

não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito

não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,

mas a outra metade é silêncio.


Que a música que eu ouço ao longe seja linda,

ainda que tristeza.

Que a mulher que eu amo seja para sempre amada,

mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida

e a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece,

nem repetidas com fervor,

Apenas respeitadas como a única coisa que resta

a um homem inundado de sentimento.

Porque metade de mim é o que ouço,

mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora se transforme

na calma e na paz que eu mereço.

Que essa tensão que me corrói por dentro

seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que penso,

e a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste,

que o convívio comigo mesmo

se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso

que eu me lembro de ter dado na infância.

Porque metade de mim é a lembrança do que fui,

a outra metade eu não sei...


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria

para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio me fale cada vez mais.

Porque metade de mim é abrigo,

a outra metade é cansaço.


Que a vida nos aponte uma resposta,

mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar

porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é a platéia

e a outra metade é canção.


Que minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor

e a outra metade... também...
.
.
.
Oswaldo Montenegro...

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