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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Desesperança...


Esta manhã tem a tristeza de um crepúsculo.

Como dói um pesar em cada pensamento!

Ah, que penosa lassidão em cada músculo. . .


O silêncio é tão largo, é tão longo, é tão lento

Que dá medo... O ar, parado, incomoda, angustia...

Dir-se-ia que anda no ar um mau pressentimento.


Assim deverá ser a natureza um dia,

Quando a vida acabar e, astro apagado,

Rodar sobre si mesma estéril e vazia.


O demônio sutil das nevroses enterra

A sua agulha de aço em meu crânio doído.

Ouço a morte chamar-me e esse apelo me aterra...


Minha respiração se faz como um gemido.

Já não entendo a vida, e se mais a aprofundo,

Mais a descompreendo e não lhe acho sentido.


Por onde alongue o meu olhar de moribundo,

Tudo a meus olhos toma um doloroso aspeto:

E erro assim repelido e estrangeiro no mundo.


Vejo nele a feição fria de um desafeto.

Temo a monotonia e apreendo a mudança.

Sinto que a minha vida é sem fim, sem objeto...


- Ah, como dói viver quando falta a esperança!...
.
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Manuel Bandeira...

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