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quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Serguei Iessienin...



Você partiu,

como se diz,

para o outro mundo.

Vácuo...

Você sobe,

entremeado às estrelas.

Nem álcool,

nem moedas.

Sóbrio.

Vôo sem fundo.

Não, Iesienin,

não posso

fazer troça, -

Na boca

uma lasca amarga

não a mofa.

Olho -

sangue nas mãos frouxas,

você sacode

o invólucro

dos ossos.

Pare,

basta!

Você perdeu o senso?

Deixar

que a cal

mortal

lhe cubra o rosto?

Você,

com todo esse talento

para o impossível,

hábil

como poucos.

Por quê?

Para quê?

Perplexidade.

- É o vinho!

-a crítica esbraveja.

Tese:

refratário à sociedade.

Corolário:

muito vinho e cerveja.

Sim,

se você trocasse

a boêmia

pela classe,

A classe agiria em você,

e lhe daria um norte.

E a classe

por acaso

mata a sede com xarope?

Ela sabe beber -

nada tem de abstêmia.

Sim,

se você tivesse

um patrono no "Posto" -

ganharia

um conteúdo

bem diverso:

todo dia

uma quota

de cem versos,

longos

e lerdos,

como Dorônin.

Remédio?

Para mim,

despautério:

mais cedo ainda

você estaria nessa corda.

Melhor

morrer de vodca

que de tédio!

Não revelam

as razões

desse impulso

nem o nó,

nem a navalha aberta.

Talvez,

se houvesse tinta

no "Inglaterra",

você

não cortaria

os pulsos.

Os plagiários felizes

pedem:bis!

Já todo

um pelotão

em auto-execução.

Para que

aumentar

o rol de suicidas?

Antes

aumentar

a produção de tinta!

Agora

para sempre

tua boca

está cerrada.

Difícil

e inútil

excogitar enigmas.

O povo,

o inventa-línguas,

perdeu

o canoro

contramestre de noitadas.

E levam

velhos versos

ao velório,

sucata

de extintas exéquias.

Rimas gastas

empalam

os despojos, -

é assim

que se honra

um poeta?

Não

te ergueram ainda um monumento -

onde

o som do bronze

ou o grave granito? -

E já vão

empilhando

no jazigo

dedicatórias e ex-votos:

excremento.

Teu nome

escorrido no muco,

teus versos,

Sobinov os babuja,

voz quérula

sob bétulas murchas -

"Nem palavra, amigo,

nem so-o-luço".

Ah,

que eu saberia dar um fim

a esse Leonid Loengrim!

Saltaria

-escândalo estridente:

- Chega

de tremores de voz!

Assobios

nos ouvidos

dessa gente,

ao diabo

com suas mães e avós!

Para que toda

essa corja explodisse

inflando

os escuros

redingotes,

a Kógan

atropelado

fugisse,

espetando

os transeuntes

nos bigodes.

Por enquanto

há escória

de sobra.

O tempo é escasso -

mãos à obra,

Primeiro

é preciso

transformar a vida

para cantá-la -

em seguida.

Os tempos estão duros

para o artista.

Mas,

dizei-me,

anêmicos e anões,

os grandes,

onde,

em que ocasião,

escolheram

uma estrada

batida?

General

da força humana

- Verbo -

marche!

Que o tempo

cuspa balas

para trás,

e o vento

no passado

só desfaça

um maço de cabelos.

Para o júbilo

o planeta

está imaturo.

É preciso

arancar alegria

ao futuro.

Nesta vida

morrer não é difícil.

O difícil

é a vida e seu ofício...
.
.
.
Wladimir Mayakovsky...

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