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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Homem e a Alma...

E o Deus dos deuses separou de si mesmo uma alma


e a dotou de beleza.

E deu-lhe a suavidade da brisa matinal e o perfume das

flores do campo e a doçura do luar.

E entregou-lhe a taça da alegria, dizendo-lhe:

"Só poderás beber desta taça se esqueceres o passado

e não te preocupares com o futuro."

E entregou-lhe a taça da tristeza, dizendo:

"Bebe dela, e compreenderás a essência da alegria da vida."

E soprou nela um amor que a abandonaria ao primeiro

suspiro de saciedade, e uma meiguice que a

abandonaria à primeira manifestação de orgulho.

E fez descer sobre ela, do céu, um instinto que

lhe revelaria os caminhos da verdade.

E depositou nas suas profundezas uma visão

que vê, o que não se vê.

E criou nela sentimentos que deslizam com as

sombras e caminham com os fantasmas.

E vestiu-a de um vestido de paixão que os anjos teceram

com as ondulações do arco-íris.

E colocou nela as trevas da dúvida, que são as

sombras da luz.

E tomou fogo da forja do ódio, e ventos do deserto

da ignorância, e areia do mar do egoísmo, e terra

pisada pelos pés dos séculos e amassou todos

esses elementos e fez o homem.

E deu-lhe uma força cega que se inflama nas horas de

loucura e desvanece diante das tentações.

Depois, depositou nele a vida, que é o reflexo da morte.

E sorriu o Deus dos deuses,

e chorou, e sentiu um amor incomensurável e infinito

e uniu o homem e a alma...
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Gibran Khalil Gibran...

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