Mas o que impressiona mesmo no
amor-perfeito é o nome.
Que responsabilidade meu filho!
Há por aí uma planta de nome amor-por-um-dia
que não carece de muito esforço para ser e acontecer,
como doidivanas.
Outra atende por amor-das-onze
e presume-se como sua vida é folgada.
Há também amor-de-vaqueiro, amor-de-hortelão,
amor-de-moça, amor-de-negro, muitos amores
vegetais que desempenham função limitada.
Mas este aqui não tem área especificada ,não
se dirige a grupo, ocasião, profissão.
É absoluto, resume um ideal que vai além do
poder das flores e dos seres humanos.
Que sentirá o amor-perfeito sabendo-se
assim nomeado?
Que tristeza lhe transfixará o veludo das
pétalas, ao sentir que os homens que tal
apelação lhe dera não são absolutamente
perfeitos em seus amores?
Que aquele substantivo casado a este
adjetivo, sugere mais aspiração infrutífera
do que modelo identificável no cotidiano?
A tais perguntas o sóbrio amor-perfeito
não responde.O outono tão pouco.
Talvez seja melhor não haver resposta....
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Carlos Drummond de Andrade...
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