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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O meu coração, se pudesse, pararia...

Morri por dentro.
E enquanto afogo o meu corpo em mágoas, queimo o coração por dentro e faço das tripas cinza.
Morri para o mundo, morri para mim.
A vida ensina-nos lições que não queremos aprender e o destino naufraga-nos em esperanças.
A vida ensinou-te menina, ela ensinou-te que as esperanças são pedaços de areia no oceano que é os teus olhos, ela ensinou-te.
Porque preferiste não acreditar na vida?
A vida bate-te, esbofeteia-te e afoga-te, mas não deixa de ter razão e quanto menos aprenderes com ela, mais ela te irá bater.
Ela disse-te para não acreditares e tu acreditaste, ela disse-te para não amares e tu amaste, ela disse-te para não sorrires e tu sorriste.
Menina, menina, pessoas como tu não foram feitas para serem amadas, pessoas como tu não têm o privilégio da felicidade.
E se tens pelo menos o dom dos sonhos, devias desprezar esse dom, porque esse é apenas uma forma tonta de acreditares que estás viva quando na verdade tudo no teu coração já morreu e foi tomado pela dor. Morreste por dentro menina.
Afogas-te em lágrimas e morrerás outra vez, por fora.
A vida esbofeteia-te e tu gritas, mas a vida é surda, menina, a vida não tem coração nem ouvidos.
A vida é feita de pedra e carvão, o carvão que desenhou os teus cabelos foi o mesmo carvão que pintou sobre a tua alma um lugar interdito à felicidade.
E esse lugar é toda a tua alma.
Nesse lugar habitam lágrimas e todos os sorrisos se afogam, todos os amores se vão, todas as promessas se desvanecem.
A tua alma não foi feita para ser vazia, mas não penses que ela deve ser preenchida de paz.
Não, menina, a tua alma é o destino de toda a tua dor e ela é tanta que não há lugar para mais nada.
E estando a alma lotada, a dor espalha-se no teu corpo, preenche-te as veias e mistura-se com o sangue, irriga-te as pontas dos dedos, lateja na tua cabeça e trespassa os teus olhos.
Estando a alma lotada, resta o corpo.
Aguardo o colapso.



Fernando Pessoa...

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