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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Desintegração...

Eu tenho o coração cheio de coisas para dizer...


E a minha voz, se eu acaso falasse,

teria a força de uma revelação.



Meu espírito palpita ao ritmo desordenado e aflito

de asas prisioneiras que se dilaceraram

na arrancada impossível da libertação e da altura.



Minhas mãos tremem ainda ao contato

imaterial, sub-humano e fugitivo

de qualquer coisa além e acima deste mundo...



Adormeceu para sempre no fundo dos meus olhos

a saudade de paisagens estranhas e longínquas,

que nunca, nunca mais voltarão neste tempo e neste espaço.



Doem meus olhos. Tremem, ansiosas, as minhas mãos.

Meu espírito palpita! Tenho o coração cheio de coisas para dizer...

Eu estou vivo, Senhor! mas, em verdade, é como se estivesse morto.



Abgar Renault...

(1901-1995)

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