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quinta-feira, 19 de abril de 2012

As Minhas Asas...


Eu tinha umas asas brancas


asas que um anjo me deu,

que, em me cansando da terra,

batia-as,voava ao céu


-Eram brancas, brancas, brancas,

como as do anjo que mas deu.

Eu incente como elas,

por isso voava ao céu.


Veio a cobiça da terra,

vinha para me tentar;

por meus montes de tesouros

minhas asas não quis dar


- Veio a ambição coas grandezas,

vinham para mas cortar,

davam-me poder e glória;

por nenhum preço as quis dar.


Porque as minhas asas brancas

asas que um anjo me deu,

em me eu cansando daa terra,

batia-as voava ao céu.

Mas uma noite sem lua

que eu contemplava as estrêlas,

e já suspenso da terra

ia voar para elas,

- Deixei descair os olhos

Do céu alto e das estrêlas...

Vi, entre a névoa da terra,

outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas

asas que um anjo me deu,

para a terra me pesavam,

já não me erguiam ao céu.


Cegou-me esta luz funesta

de enfeitiçados amôres...

Fatal amor, negra hora.

Foi aquela hora de dores!

-Tudo perdi nessa hora

que provei nos meus amôres,

o doce fel do deleite

o acre prazer das dores.


E as minhas asas brancas

asas que unm anjo me deu,

pena a pena me caíram...

nunca mais voei ao céu...
.
.
.
Almeida Garrett...

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