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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Conversando sobre vida após a morte...

Nesta via não há perda


E nenhum esforço é vão,

E um pequeno avanço nela

Liberta do grande medo".

Krishna

Sentado na beira do túmulo, um rapaz chorava desconsolado a perda recente dos seus pais. Triste, ele se perguntava se haveria vida para além da morte. Fervilhavam em sua mente aquelas perguntas que tanto perseguem a alma dos homens: "De onde eu vim?

Para onde eu vou? E o que eu estou fazendo aqui?

A vida se resume apenas a comer, beber, dormir, copular, e um dia chegar ao fim simplesmente?

Passar por toda uma vida aprendendo as lições de cada experiência, para quê?

Se no final, tudo acaba, será só isso a existência? É apenas isso o que resta de duas pessoas, meus pais, que eu amava tanto? É isso que restou de nosso amor? Dois cadáveres embaixo da terra e eu aqui triste, sozinho no mundo, sem saber o que se passa, cheio de perguntas e nenhuma resposta. Haverá vida para além da morte?"

Enquanto o rapaz sentado à beira do túmulo de seus pais chorava entristecido, algumas quadras à frente estava um dos coveiros do cemitério, que estava trabalhando numa cova ali por perto. Ele estava descansando, e dali ele observava o sofrimento do rapaz. Depois de tanto anos trabalhando naquele cemitério ele já havia visto milhares de vezes as mesmas cenas:

familiares chorando à beira do túmulo de alguém que se foi.

Porém, naquela tarde havia algo muito especial.

Ele olhava para o rapaz com um carinho diferente do seu jeito habitual. Alguma coisa lhe chamou a atenção naquele rapaz triste, mas ele não sabia exatamente o que. Além disso, outra coisa o intrigava: naquele dia ele havia levado um caderno e uma caneta para o trabalho. O material estava ali pertinho dele, mas ele não sabia por que tinha levado caderno e caneta para o seu trabalho. Ele deixou ali do lado e ficou olhando o sofrimento do rapaz.

Alguma coisa comoveu aquele coveiro.

Sem que ele soubesse, havia uma presença espiritual ao seu lado. Era o seu amparador espiritual, o seu guia espiritual, que não era um deus, não era um mito nem uma divindade, mas apenas um ser humano extrafísico, que lhe conhecia de outras vidas e que o acompanhava ocasionalmente, inspirando, protegendo e ajudando invisivelmente naquilo que lhe fosse possível. Esse mentor espiritual observava o coveiro e também observava o rapaz. E esse mentor, presença brilhante, ali pertinho, acompanhava o coveiro porque além dele ser um amigo de outras vidas, também respeitava muito o seu trabalho. Pois aquele coveiro tratava a todos com respeito. Percebia o sofrimento das pessoas e respeitava a dor delas.

E mais importante ainda: ele respeitava os restos mortais de cada criatura. E enterrava os restos mortais das pessoas com imenso respeito, e em silêncio, sem que as famílias soubessem, ele fazia preces para as pessoas. Ao final do dia em casa, ele elevava os pensamentos, abria o coração e oferecia preces a todos aqueles que tinham partido naquele dia. As famílias não sabiam disso, e a administração do cemitério também não sabia disso, mas os espíritos sabiam, e por isso, um desses espíritos amigos o acompanhava freqüentemente.

Observando o sofrimento do rapaz na quadra ao lado, o guia espiritual encostou perto do coveiro e projetou um raio de luz branquinho brilhante em sua cabeça. Imediatamente o coveiro foi tomado por uma vontade irresistível de escrever algo. Então, ele correu, pegou o caderno e a caneta que tinha deixado ali pertinho. E olhando para o rapaz, e dessa feita já influenciado pela presença do mentor, ele escreveu algumas palavras e teve a intuição de entregá-las ao rapaz.

Por alguns minutos ele escreveu bastante, sem saber exatamente o que estava escrevendo, e sem saber o porquê, sem saber que ali ele era um médium, um elemento interdimensional passando uma mensagem para alguém sofrido. Finalizados aqueles escritos, ele foi até o rapaz, entregou o papel em silêncio e se afastou sem falar nada.

E sumiu por entre as campas do cemitério.

O rapaz então pegou o papel, e também influenciado sem perceber por aquele ser invisível, começou a lê-lo. Enquanto isso, o guia espiritual projetou um raio de luz verde em seu peito e um raio de luz amarelinho no topo de sua cabeça. A luz verde era para curar as feridas emocionais, as dores da perda. E a luz amarelinha no topo da cabeça era para abrir a intuição, receber a luz do Cosmo, intuir as idéias profundas que vem do Alto e ampliar o discernimento e a inteligência.


Tocado por uma luz verde no peito e uma luz amarela no alto da cabeça, o rapaz entrou sem perceber num estado alterado de consciência, e parecia que algo invisível lhe tocava e uma voz sutil lhe falava algumas coisas. Ele não escutava com os ouvidos, mas com o coração. E essa voz lhe dizia intuitivamente de que não havia correspondência entre o seu luto e o brilho do sol derramando as partículas luminosas na atmosfera. De que cada raio de sol trazia presentes solares, presentes de luz na atmosfera, e que não havia correspondência entre a sua tristeza e aquela luz que banhava a atmosfera. De que a vida não se resume apenas a comer, beber, dormir e copular, mas também viver, amar e aprender. E uma das coisas básicas para aprender é de que a vida nunca acaba na morte, pois a consciência prossegue viva em outras dimensões. E que a morte é uma ilusão sensorial. E que as pessoas queridas só deixaram de ser percebidas pelos cinco sentidos convencionais, mas que poderiam ser percebidas pela luz da inteligência e pela luz do coração. Então, o rapaz leu as palavras escritas pelo "coveiro mediúnico",

e estava escrito o seguinte:

"Cemitério não é lugar de ninguém. Os cadáveres não são as pessoas. Nenhum cadáver possui o brilho no olhar. Nenhum cadáver ama. Nenhum cadáver vive.

A vida vem da consciência espiritual que habita o corpo por um tempo determinado, de acordo com a própria experiência que a pessoa precisa passar. O brilho pertence à pessoa, ao espírito, à consciência. Quando esse espírito se retira, sobra só a carcaça, elemento da terra que será novamente recebido pela Mãe Terra, será absorvido por ela e transformado, será nutriente para outras formas de vida se expressarem oportunamente. Esses corpos serão absorvidos pela Terra, que é sua verdadeira dona. Mas os seus pais estão viajando por entre as dimensões, na direção de seus destinos que também não têm fim, assim como o infinito do espaço interdimensional. Eles prosseguem para outros aprendizados, em outros lugares, com outras pessoas e outras condições. E nos planos espirituais os seus pais não são mais pais, são apenas filhos de Deus, assim como todos os seres. Os pais de alguém não passam de filhos do Criador, são filhos da vida multidimensional. E essa vida prossegue por aí... em outras dimensões, em outros planos, em outros orbes, sempre seguindo... Erga a cabeça, abra o coração, veja o brilho do sol na atmosfera, o azul do céu e o vento que passa balançando as folhas das árvores. Sinta o cheiro da vida. Perceba por sintonia a magnitude da existência. Acabe com a sua tristeza, com o seu luto, e abrace a luz do sol. Abrace o vento, sinta-o! Perceba a magnitude da vida em outras dimensões, na natureza e em você mesmo.

Um raio de luz verde no peito e um raio de luz amarelo-dourado na cabeça. E um abraço invisível que fica. E que eleva a consciência para sempre pensar no melhor.

Quais são os ossos que podem portar o brilho do amor de alguém?

Quais são os restos mortais que podem portar a beleza de um amor?

Que túmulo frio poderá portar o calor de um coração que ama?

Que cemitério poderá enterrar uma consciência espiritual que pertence a outros níveis?

Que cartório terrestre e transitório registrou o nome de um espírito milenar?

Que terra poderá absorver aquilo que pertence aos céus?

Que vermes poderão consumir aquilo que pertence às estrelas?

Que espírito eterno fará parte da cadeia alimentar de seres minúsculos dentro da terra?

Um ser que veio das estrelas nunca poderá ser alimentos de vermes em lugar nenhum. Isso é insanidade, é ignorância, é cegueira! O espírito pertence às estrelas! O corpo pertence à terra!

Por que os homens não pensam nisso?"

O rapaz terminou de ler essas palavras naquela carta mediúnica. Olhou em volta, mas o coveiro tinha sumido. Ele tinha ido embora, mas tinha deixado a mensagem. Então, o rapaz levantou-se e foi andando. Porém, em lugar de olhar para as cruzes e as tumbas, ele agora olhava para cima. E admirava a luz do sol, e admirava aquele céu azul. E ele então de alguma forma percebeu que o azul do céu e o dourado da luz do sol abrigavam os espíritos de seus pais. E que na terra ficavam apenas os restos mortais, sempre temporários, para serem transformados, reciclados, e oferecerem vida a outros seres minúsculos. E o rapaz prometeu a si mesmo, que sempre que lembrasse de seus pais, também lembraria da luz do sol e do azul do céu. E sempre pensaria neles como estrelas que partiram para outras vivências, e que ele mesmo um dia partiria também para outras vivências, além... E que a vida não se resume apenas à existência física, mas também a existência do amor, que a morte não rompe.

E a existência da consciência que nada pode matar.

Com coração e consciência, esse rapaz se retirou do cemitério e foi para a vida. Foi viver. Foi tocar sua vida da melhor maneira possível, consciente de que alguma coisa a mais existe, e que não pode ser explicada para outras pessoas, mas que pode ser sentida dentro do coração. Algo que não pode ser provado para os outros, mas que pode ser sentido dentro da consciência que raciocina, que discerne, que sente, que pelas vias da meditação percebe a existência de outros planos, e de que as consciências nunca morrem. E que comunicam-se também, por que a morte não mata o amor. E o amor prosseguindo, sempre busca o ser amado, independente dos limites interdimensionais. O amor atravessa todos os planos, todos os níveis, e se comunica de coração a coração. Por isso, as pessoas que ficam na terra ainda por viver mais um tempo de sua experiência, que procurem sentir a presença de seus seres queridos que já foram dentro do coração, nunca no cemitério. Que sintam dentro da consciência, nunca dentro da tumba. Pois, uma tumba e um cemitério são frios, são da terra e não podem abrigar o brilho do amor, o brilho das estrelas que pertence a consciência, e que agora levou seu brilho para outros rumos, além... Forever!...
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Wagner Borges...

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