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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ao amor antigo...

O amor antigo vive de si mesmo,


não de cultivo alheio ou de presença.

Nada exige nem pede. Nada espera,

mas do destino vão nega a sentença.



O amor antigo tem raízes fundas,

feitas de sofrimento e de beleza.

Por aquelas mergulha no infinito,

e por estas suplanta a natureza.



Se em toda parte o tempo desmorona

aquilo que foi grande e deslumbrante,

a antigo amor, porém, nunca fenece

e a cada dia surge mais amante.



Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste? Não. Ele venceu a dor,

e resplandece no seu canto obscuro,

tanto mais velho quanto mais amor...



Carlos Drummond de Andrade

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