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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estatua Falsa...

Só de ouro falso os meus olhos se douram;


Sou esfinge sem mistério no poente.

A tristeza das coisas que não foram

Na minha’alma desceu veladamente.



Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,

Gomos de luz em treva se misturam.

As sombras que eu dimano não perduram,

Como Ontem, para mim, Hoje é distância.



Já não estremeço em face do segredo;

Nada me aloira já, nada me aterra:

A vida corre sobre mim em guerra,

E nem sequer um arrepio de medo!



Sou estrela ébria que perdeu os céus,

Sereia louca que deixou o mar;

Sou templo prestes a ruir sem deus,

Estátua falsa ainda erguida ao ar...



Paris, 5-5-1913

Mário de Sá-Carneiro...

Um comentário:

  1. I liked this text! I think he has something special ... "A bientot" :D

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