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terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Gazel do teu paraíso...
Não quero esta maça branca,
quero a outra que me dás.
Não quero a maça da sombra
que apenas na sombra jaz.
A intemporã, colhida
com orvalho em cima da paz.
A perto das madressilvas
e de tão apetecida,
é cada vez mais veraz.
A maça de cotovia
de tua fala, a maçã
das pernas mansas e esguias
e a do sexo, talismã
de outra maçã sombria
no paraíso do chão.
Quando, amada, te avezinha,
todo o teu corpo é maçã.
Os seios, maçãs cativas
e os pés selvagens, as mãos
que alongas, a casca fina
das celestes estações.
E quando a maçã se inclina,
o inverno se faz verão.
E se adormeces, menina,
o sonho é maçã. Depois
pelo caroço do tempo
a morte se recompôs,
mas não há morte junto ao pêlo
de maçãs. Nunca mais veio
a morte quando te amo,
se em morte me precavenho
de maçãs pelos teus ramos...
.
.
.
Carlos Nejar...
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