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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A guerra...


A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,

É o tipo perfeito do erro da filosofia.


A guerra, como tudo humano, quer alterar.

Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito

E alterar depressa.


Mas a guerra inflige a morte.

E a morte é o desprezo do Universo por nós.

Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.

Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.


Deixemos o universo exterior, e os outros homens onde a Natureza os pôs.


Tudo é orgulho e inconsciência.

Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.

Para o coração e o comandante dos esquadrões

Regressa aos bocados o universo exterior.


A química direta da Natureza

Não deixa lugar vago para o pensamento.


A humanidade é uma revolta de escravos.

A humanidade é um governo usurpado pelo povo.

Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.


Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!

Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!

Paz à essência inteiramente exterior do Universo!...
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Alberto Caeiro, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa...

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