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domingo, 9 de dezembro de 2012

Poema da flor proibida...


Por detrás de cada flor

há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.


Podia estar à frente ou estar ao lado,

mas não, está colocado

exactamente por detrás da flor.

Também não está escondido nem dissimulado,

está dignamente especado

por detrás da flor.


Abro as narinas para respirar

o perfume da flor,

não de repente

(é claro) mas devagar,

a pouco e pouco,

com os olhos postos no chapéu de coco.


Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,

protege-me com o seu amor.

Ele sabe que a flor pode ter espinhos,

ou tem mesmo,

ou já teve,

ou pode vir a ter,

e fica triste se me vê sofrer.


Transmito um pensamento à flor

sem mover a cabeça e sem a olhar.

De repente,

como um cão cínico arreganho o dente

e engulo-a sem mastigar...
.
.
.
António Gedeão...

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