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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Manuel Bandeira...


Este poeta está

Do outro lado do mar

Mas reconheço a sua voz há muitos anos

E digo ao silêncio os seus versos devagar


Relembrando

O antigo jovem tempo tempo quando

Pelos sombrios corredores da casa antiga

Nas solenes penumbras do silêncio

Eu recitava

"As três mulheres do sabonete Araxá"

E minha avó se espantava


Manuel Bandeira era o maior espanto da minha avó

Quando em manhãs intactas e perdidas

No quarto já então pleno de futura

Saudade

Eu lia

A canção do "Trem de ferro"

E o "Poema do beco"


Tempo antigo lembrança demorada

Quando deixei uma tesoura esquecida nos ramos da cerejeira

Quando

Me sentava nos bancos pintados de fresco

E no Junho inquieto e transparente

As três mulheres do sabonete Araxá

Me acompanhavam

Tão visíveis

Que um elétrico amarelo as decepava


Estes poemas caminharam comigo e com a brisa

Nos passeados campos da minha juventude

Estes poemas poisaram a sua mão sobre o meu ombro

E foram parte do tempo respirado...
.
.
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Sophia de Mello Breyner...

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